Fragmento 141


Vejo que emanas poder naturalmente, assim como transpiras diante de mim. Há muita masculinidade genuína nas tuas palavras, o que me causa certa comoção e orgulho de tê-lo para mim como fonte de inspiração. Seria notado, com diferentes olhares, em outros recantos do inconsciente, ainda que sem pretensão. É um privilégio o que me entregas como estímulo ─ o contato com a ponta do iceberg do teu inconsciente. Vês? Agora, tenho teu timbre como minha melhor inspiração. Já havia escrito incontáveis textos, sob a tensão da sua forte personalidade, que descrevia a tua presença, e me instiga. Mas agora consegui ir mais a fundo. É como escrever sobre a natureza encoberta do homem, representado pelas peculiaridades mais íntimas de um amigo. Deverias (desejo meu para saciar anseios meus) ser mais sujo, mais impetuoso, mais animalesco, como no naturalismo. Todavia, a nobreza de sua personalidade o impede. És um homem como nenhum outro. Segue mais um desejo meu travestido de conselho: Não te desperdice! Quanto mais escrevo mais me pergunto: o que te tornas homem? Ironicamente, quem me responde são vossos pares, multiplicados por centenas de vozes. É estranho, mas ao mesmo tempo é denso, pantanoso e prazeroso aprofundar na natureza masculina. Adentrar, sem licença, o que tu és para além das luzes que ofuscam a mais pura essência do simples existir. Tens a capacidade de encantar guerreiros e espíritos livres se não fores covarde. Rompa com o que te impede de sentir aquilo te faz ser homem.

Alecto Grego