Repetição de preposições, de artigos e de pronomes
Sempre que as expressões coordenadas – quer pertençam ao sujeito ou a outro complemento – sejam do mesmo gênero, a repetição é opcional.
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Esta parece-me a melhor opção. A repetição da expressão completa poderia ser utilizada com valor enfático. A repetição do artigo apenas não resulta, em Portugal, como estrutura adequada a um contexto formal.
De acordo com os preceitos enunciados por Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo, pág. 235, a estrutura em apreço pode escrever-se de duas maneiras:
(1) Leitura nas áreas das ciências naturais, da história, da mitologia e dos jogos.
(2) Leitura nas áreas das ciências naturais, história, mitologia e jogos.
A sequência (1) é claramente recomendada por Cunha e Cintra: Quando empregado antes do primeiro substantivo de uma série, o artigo deve anteceder os substantivos seguintes, ainda que sejam todos do mesmo gênero e do mesmo número.
Assinale-se que (2) é também possível, como enunciam os referidos gramáticos:
Não se repete, porém, o artigo [...] quando, no pensamento, os substantivos se representam como um todo estreitamente unido [...].
E dão um exemplo que é muito semelhante à sequência em análise, porque envolve a contração da preposição de com o artigo definido:
O estudo [do folclore] era necessitado pela existência das histórias, contos de fadas, fábulas, apólogos, superstições, provérbios, poesia e mitos recolhidos da tradição oral.
2. Quanto à correção da sequência Leitura na área das ciências naturais, em história, mitologia e jogos, ela é aceitável se for parafraseada do seguinte modo:
(3) Leitura na área das ciências naturais e em história, mitologia e jogos
Em (3), não é necessário repetir a preposição em com cada membro da série história, mitologia e jogos. No entanto, pode não ser este o conteúdo visado, pretendendo o consulente indicar campos de conhecimento, designados por áreas, e especificados depois como ciências naturais, história, mitologia e jogos. Se é essa a intenção, as estruturas (1) e (2) serão as mais adequadas.
1 Poderia argumentar-se que a estrutura (2) é incorreta, porque semelhante à seguinte frase (o asterisco marca estrutura não aceitável):
(i) Falei com o pai *[da Helena, João e Pedro].
A inaceitabilidade de (i) deve-se não à falta de repetição, mas, sim, a uma incompatibilidade entre diferentes padrões de uso dos nomes próprios: por um lado, «a Helena» é característico da linguagem corrente, em que um nome próprio tem sempre artigo definido (diz-se «a Helena, o João, o Pedro»); por outro, «João e Pedro» corresponde a um emprego de grande formalidade ou distanciação, no qual os nomes próprios não têm artigo. A frase (i) deverá, portanto, ser corrigida de dois modos:
(ii) Falei com o pai [da Helena, do João e do Pedro].
(iii) Falei com o pai [de Helena, João e Pedro].