Fragmento 137


[...] eu experimentava os primeiros anos de uma mocidade tenra, por volta dos meus quatorze anos, desfrutando o frescor da juventude. Eu fazia um belo rapazote desprovido de qualquer malícia, em madeixas acastanhadas e pupilas dilatadas. Era ela uma uma celebração da irreverência da natureza em sua forma mais bela, esculpida pelas mãos caprichosas de um querubim, que se desfazia do abstrato em um vestido de tardes simples. Desenho em minhas memórias uma Capitu também ainda muito jovem; beirasse a mesma idade que a minha, talvez [...]. Vínhamos trocando olhares desde outros dias daquela semana de janeiro, na Rua Várzea de Santo Antônio, no Caminho das Árvores, quando nosso riso nos convidou a se aproximar e ousar buscar palavras que teimavam em se perder em nossas bocas, quando tropeçamos em um beijo rápido e úmido, como uma chuva passageira de verão em um mormaço que cheirava a verde. 

Alecto Grego