Fragmento 135


Em uma fala entusiasmada, meu joelho se arrastou no dele e encaramos aquilo com a naturalidade previsível existente entre dois amigos que são próximos. Falávamos pela primeira vez de nossas preferências sem o peso da moralidade [...]; as damas, naquele momento, ganharam segundo plano. Senti que estávamos livres e logo me vi descrevendo o que o meu desejo tencionava concretizar. Os pés. Comecei pela minha devoção a esse membro tão emblemático das cosmologia masculina, mas logo vieram outros não apenas da minha boca, mas da dele também. Falamos dos sovacos que guardam pelos alinhados, dos contornos dos peitorais, do cheiro e do suor e de como o corpo masculino possui belas formas quadradas. Adiantei-me, com uma pressa empolgada, para dizer de meu encantamento por panturrilhas contornadas e nádegas firmes. Um torpor de animosidade tomava nosso fôlego naqueles minutos sem pretensão. Concordávamos, naquele diálogo sem pressa, que as protuberâncias masculinas são sempre distribuídas graciosamente por Deus. Não havia defeito que pudesse ser encontrado no homem. Ficamos despudorados, sem acanhamento, até a última nuvem se dissipar do céu.

Alecto Grego