Fragmento 131


Era a impossibilidade grotesca e graciosa que se materializava diante dos olhos, enquanto atitudes espontâneas me faziam duvidar de suas palavras. Mas não conseguíamos refutar ações deliberadas e convidativas do alto de um morro, cercado de arbustos baixos, iluminado por luzes longínquas da cidade. Ele sorria embriagado de vontade, como se estivéssemos em transe em um ritual mágico, e o seu grande corpo descoberto se apresentava como uma oferta a deuses pagãos numa noite fria de lua cheia. Um peito desnudo, semicoberto de pelos negros, encontrava harmonia nas curvas de um corpo banhado pelos anos da idade adulta. Um rosto enigmático revelava outra persona que não a que já conhecíamos, sob a alegria contagiante de braços abertos e movimentos bruscos. Brindávamos à vida com os nossos corpos, celebrando com as chamas todos os desejos saciáveis. Éramos jovens e inconsequentes e os deuses costumavam dançar conosco sem culpa [...].

Alecto Grego