A conjunção causal e a explicativa


Em primeiro lugar, há a considerar que a conjunção causal é uma conjunção de subordinação, e que a conjunção explicativa é uma conjunção de coordenação. Esta nota é importante porque a diferença inquirida não está exclusivamente na conjunção, mas no tipo de conexão dos elementos da frase, que a conjunção explicita.


As principais diferenças entre coordenação e subordinação são as seguintes:

(a) a coordenação consiste na combinação de constituintes que desempenham as mesmas funções na frase; no caso da subordinação, a oração subordinada desempenha sempre, em relação à subordinante, uma função sintática (sujeito, complemento direto, modificador...);

(b) enquanto na subordinação só orações se combinam, na coordenação combinam-se orações e vários outros tipos de constituintes (grupos nominais, preposicionais etc.).


De notar que estas são diferenças de natureza sintática ou formal, não são diferenças semânticas.

Porém, as classificações causal e explicativa são justamente de ordem semântica e interpretativa. Cunha e Cintra (1984) incluem as conjunções porque, pois, porquanto, que no conjunto das conjunções coordenativas explicativas, com a descrição "ligam duas orações, a segunda das quais justifica a ideia contida na primeira"; as mesmas conjunções são classificadas como subordinativas causais e diz-se delas que "iniciam uma oração subordinada denotadora de causa".

Considerando o que se diz, podemos apontar um aspecto distintivo formal, pelo menos: porque é causal se puder coocorrer com outra conjunção:

a) O bolo não subiu porque puseste pouco fermento e porque não deixaste aquecer bem o forno.

b) Vamos embora, porque aqui não resolvemos nada.