Infinitivo no plural ou no singular?


O infinitivo – verbo terminado em –ar, -er, ir – pode apresentar-se flexionado e não flexionado. Será denominado flexionado quando houver desinência verbal:

-es, para a segunda pessoa do singular (tu)

-mos, para a primeira pessoa do plural (nós)

-des, para a segunda pessoa do plural (vós)

-em, para a terceira pessoa do plural (eles, elas).


A primeira (eu) e a terceira pessoa do singular (ele, ela) são representadas pelo infinitivo não flexionado:

Era para eu cantar

Era para tu cantares

Era para ele cantar

Era para nós cantarmos

Era para vós cantardes

Era para eles cantarem.


O infinitivo é comumente antecedido de preposição (a, de, para, por…), indicando significado declarativo.


– Era para eles chegarem mais cedo.

Ao nos aproximarmos da casa, percebemos que havia problemas.

– Eles se preocuparam por não saberem o que estava acontecendo.


Infinitivo flexionado

Usa-se o infinitivo flexionado nos seguintes casos:


1) Quando o sujeito for claro, ou seja, quando surgir um pronome ou um substantivo, escrito na mesma oração do verbo, funcionando como sujeito dele, o uso do infinitivo flexionado será obrigatório. Se o sujeito não estiver escrito, mas for claro, também se usa o infinitivo flexionado:

– Não é necessário vocês chegarem mais cedo.

O sujeito do verbo chegar está claro: vocês; por isso o verbo fica no plural, concordando com o sujeito.

– Não mediremos esforços para vós serdes bem atendidos.

O sujeito de ser está claro: vós; por isso o verbo fica na segunda pessoa do plural, concordando com o sujeito.

– Não é necessário chegarem mais cedo. 

O sujeito não está escrito na oração, mas torna-se claro que a ação é direcionada a mais de um elemento: vocês.


2) Quando o sujeito do verbo no infinitivo for diferente do sujeito do verbo da outra oração, flexiona-se o infinitivo:

– Meninos, vejo estarem atrasados mais uma vez.

O sujeito do infinitivo estar (vocês), é diferente do sujeito do verbo da outra oração: eu.

– Falei a eles sobre a vontade de deixarmos o time.

O sujeito do infinitivo deixar (nós), é diferente do sujeito do verbo da outra oração: eu.


IMPORTANTE!

Se o sujeito do verbo no infinitivo for o mesmo do verbo da outra oração, a flexão do infinitivo não é necessária. Não é, porém, proibida:

– Nós nos reuniremos com eles para apresentar os problemas da empresa.

– Nós nos reuniremos com eles para apresentarmos os problemas da empresa.

O sujeito de ambos os verbos (reunir e apresentar) é o mesmo: nós. Quando, porém, o infinitivo estiver muito próximo do verbo anterior, a flexão não deve ocorrer:

– Não sei como eles aguentam comer tanto!


IMPORTANTE!

Quando o infinitivo estiver depois da preposição a, é o caso mais polêmico, pois há gramáticos que admitem a flexão do infinitivo e há gramáticos que não a admitem. O mais recomendável é aceitar ambos os casos, ou seja, quando o infinitivo estiver depois da preposição a, pode-se usar tanto o infinitivo flexionado, quanto o não flexionado:

– O rapaz ajudava as garotas a superar suas dificuldades em Matemática.

– O rapaz ajudava as garotas a superarem suas dificuldades em Matemática.


A exceção ocorre quando a oração estiver na voz passiva (com sujeito sofrendo a ação verbal): nesse caso, o infinitivo será flexionado obrigatoriamente:

– Essas são as tarefas a serem feitas.

A oração está na voz passiva, pois o sujeito tarefas sofre a ação de fazer.


Infinitivo não flexionado

Usa-se o infinitivo não flexionado nos seguintes casos:


1) Como verbo principal de locução verbal, usa-se o infinitivo não flexionado:

– Os alunos podem sair mais cedo hoje.

O verbo sair é o principal da locução verbal podem sair.


2) Sujeito acusativo: Quando o verbo da oração principal for fazer, mandar, deixar, ver, sentir ou ouvir – ou derivados desses –, o complemento desse verbo for um verbo no infinitivo ou no gerúndio e o sujeito desses últimos verbos for um pronome, não se deve usar eu, tu, ele, nós, vós eles, e sim me, te, se, o, a, nos, vos, os, as, e o infinitivo não se flexiona. A esse sujeito dá-se o nome de sujeito acusativo.

– Mandei-os sair de lá.

– Mandaram-nos sair de lá.


IMPORTANTE

Se o sujeito acusativo for um substantivo plural, pode-se usar tanto o infinitivo flexionado quanto o infinitivo não flexionado:

– Mandei os garotos sair/saírem.


ÚLTIMOS CASOS

1) Quando o infinitivo não se referir a sujeito algum, será não flexionado:

– Navegar é preciso, viver não é preciso.


2) Quando, após adjetivo, preceder o infinitivo de preposição, será não flexionado:

– São casos difíceis de solucionar.


3) Quando der ao infinitivo valor de imperativo (ordem, pedido, conselho, apelo), ele será não flexionado:

– Soldados, recuar!