Oração subordinada integrante e oração subordinada final

MARIA JOÃO MATOS

A oração subordinada integrante inicia-se por que ou se. Também se chama completiva porque completa o sentido da oração subordinante, sem a qual o seu sentido ficaria incompleto.

Disse-te que viesses cedo.

Nesta frase complexa, a oração subordinante é disse-te e ficaria incompleta sem a subordinada que viesses cedo. De facto, o verbo dizer pede complemento direto (quem diz, diz alguma coisa) e a oração integrante, que viesses cedo, é o complemento direto da oração subordinante.


A oração subordinada final inicia-se por para que ou a fim de que.

Não basta a tua vontade para que tudo se arranje.

Neste frase complexa, a oração subordinante é Não basta a tua vontade. Esta oração só por si é sintaticamente completa, a subordinada para que tudo se arranje apenas acrescenta uma circunstância, que indica a finalidade da oração subordinante — é como se desempenhasse a função de complemento circunstancial de fim.


Pode acontecer — sobretudo nos autores clássicos — uma oração final iniciada por que, mas este é sempre substituível por para que.

Tu que as gentes da terra toda enfreias que (para que,) não passem o termo limitado. 

(Os Lusíadas, de Luís de Camões).


Sempre que a oração se inicie por para que ou a fim de que, ela é certamente final. 

Se a oração subordinada se iniciar por que e constituir um elemento essencial da oração subordinante (sujeito, complemento direto, predicativo do sujeito, etc.), em princípio é uma oração integrante ou completiva. 

As subordinadas integrantes podem ocorrer com verbos como dizer, suceder, afirmar, ofender, surpreender, ordenar, pedir, lamentar, desejar, pretender, deixar, e ainda expressões como é difícil, é possível, etc.