Fragmento 110


Estávamos ali, debaixo de uma fria neblina que caía em um fim de tarde qualquer, envolvidos pelas lembranças de um passado remoto, enquanto a vida parecia diminuta. Ele aparentava desacreditar na realidade e, por algum instante, seu sorriso era de alguém que possuía a capacidade de irradiar leveza. Conforme nosso olhar pendia sobre a existência do outro, pairava a certeza subjacente de que era um amor para a vida inteira. Senti suas mãos tocarem meus dedos com a mesma sutileza que tivera algum dia no passado [...]. Ele ficou em silêncio, pestanejando dizer algo ou esperando qualquer declaração vinda de mim, na discreta esperança de ouvir palavras que acalmasse o seu coração. Mas eu não disse nada.

Alecto Grego