Fragmento 75
Toda a culpa, na verdade, foi de como se portava diante da tragédia de ainda não me pertencer. Eu relutava, sem insistência, para ouvir aquela voz mansa dilatando na fantasia dos meus desejos inquietantes. Eu não tinha vergonha! Eu já havia roubado outras vezes (...). Restavam-me apenas outras intenções (e tentações) menos arriscadas. Ficava tecendo pensamentos; desenhava o teu corpo na minha mente como da última vez que o toquei com a ponta dos meus dedos. Não havia controle em mim nem nos meus próprios impulsos; minha pele ardia, meus olhos semicerravam lentamente com o peso do abstrato entre o vácuo e o olhar que me rendia. Eu não mais suportaria outra aparição que ameaçasse, a curtas distâncias, pôr tudo a perder.