O que é niilismo?
CONTEÚDO ADAPTADO DO TEXTO DE 370 LÉGUAS
Se não podemos ser guiados pela razão (imanência) nem pela fé (transcendência), então vamos ser guiados pelo quê? Este paradigma parece nos guiar para a lama do niilismo, pântano do absurdo frio e incômodo do nada.
As duas faces: niilismo passivo e ativo
O universo parece ser frio, indiferente e sem sentido. O mundo aparenta ser cruel e mau, ou fútil e vulgar, tal como a natureza. O universo, o mundo ou a natureza, parecem vazios de nobreza, compaixão, justiça e amor. As engrenagens do cosmo são desprovidas de um sentido moralizante? Essa pode ser uma possível descrição de niilismo.
Se o universo é indiferente, então também serei indiferente. Se a natureza é uma luta permanente, então farei disso uma lei, vale tudo para sobreviver e ganhar essa luta. O universo parece vazio de valores, significado ou sentido, portanto por que terei valores, por qual razão as minhas ações devem ter um sentido ou significado?
Humanos podem ser cúmplices passivos da indiferença do universo, mas não parece ser isso o que Nietzsche postula. Para o filósofo, o niilismo não é um convite para a indiferença ou abdicação de valores.
Niilismo ativo
É exatamente porque o universo é vazio de valores, significado e sentido, que obriga as pessoas a preencherem esse vazio com significado e sentido. É por motivo de o universo parecer desprovido de valores ou escrúpulos éticos, que nós somos obrigados a criar valores. O niilismo, portanto, nessa perspectiva não é um convite à indiferença.
Há o exemplo do malabarista que vai morrer depois de fazer uma proeza e que se sente triste porque a sua morte não faz sentido se Deus está morto. E Zaratustra rejeita essa ideia, ele diz que esse homem é digno de compaixão e respeito, porque desafiava a morte num universo sem Deus.
Portanto, o niilismo não tem de ser passivo ou cúmplice do vazio. Muito pelo contrário, esse vazio obriga-nos a criar valores para ocupar ou preencher esse vazio. O niilismo pode ser ativo, esse vazio implica um desafio perante o nada ou o absurdo dos existencialistas. Esse nada é que dá sentido a nossa existência porque nos obriga a ser criadores de valores, significado e sentido.
Mais conceitos
Niilismo é a postura de repúdio e indiferença diante de algo, principalmente a vida. Todavia devemos tomar o cuidado para que não haja equívocos e coloquemos mais o nosso pensamento que o do autor. É verdade que ambos têm a postura negativa acerca da vida, mas não por ser alinhado a alguma forma de pessimismo e desgosto, e, sim, ao estar atrelado com os esquemas filosóficos deles.
Em Schopenhauer o niilismo se vincula à sua metafísica; e em Nietszche, à moral vigente (judaico-cristã). Schopenhauer é mais niilista que Nietszche diante da existência pífia que temos por este ser o pior dos mundos por seu fundamento ser caótico: a Vontade. Nietszche é radical no sentido em que temos que viver o "aqui e agora" sem atermos aos "idealismos" (coisas fantasmagórica, da imaginação). Assim, o homem tem que assumir a vida em sua inteireza; mas tem que negar costumes arraigados que o impedem de viver autenticamente, ou como ele gostava de afirmar, ser "espírito livre".
Diante da existência Schopenhauer sugere paliativos para amenizar as dores do mundo num romantismo resignado; já em Nietszche é o "além do homem" algo a ser moldado à marteladas para que assuma a existência corajosamente.