O que é estilística?


A estilística pode ser considerada o estudo dos recursos que a língua oferece para a expressão verbal humana. De acordo com o que temos visto em obras referentes ao assunto, quando se trata dessa questão, associamos esse estudo ao estilo e daí vem a dúvida: o que é estilo? Segundo o pesquisador Martins, tem sido numerosas as definições de estilo e, de forma reduzida, pode-se considerar esse conceito sob três perspectivas:

“[...] 1) as que consideram estilo como desvio da norma; 

2) as que julgam como elaboração;  

3) as que o entendem como conotação [...]”, pontua Martins.

Além disso, alguns teóricos consideram o estilo apenas quando se trata de língua literária, ao passo que outros o consideram de acordo com a diversidade de uso da língua; há, ainda, os que relacionam estilo à obra, ao autor, ao leitor ou, mais especificamente, à forma da obra ou à totalidade dela.

Voltando à definição da autora, podemos definir a estilística como “uma das disciplinas voltadas para os fenômenos da linguagem, tendo por objetivo o estilo”, diz Martins.

Tais estudos iniciaram-se com Charles Bally, em 1902, o qual apresenta em suas investigações a diferença fundamental entre língua e linguagem. Na visão desse estudioso, há três graus de estudo da estilística, conforme Ramos classifica:

a) Estilística geral ou da linguagem:

Estudo das tendências e suas manifestações na língua;

b) Estilística particular ou da língua:

Verifica como certa comunidade linguística reflete sua mentalidade no idioma correspondente;

c) Estilística individual:

Apresenta as características ideológicas, temperamentais no sistema expressivo de uma pessoa.

A estilística nasce na retórica aristotélica como figura de adorno, no estruturalismo passa a ser considerada item gramatical, desvio da norma, tornando-se, nesse momento, a introdução da noção de erro, de repetição como erro gramatical. Já no pós-estruturalismo, estilo incorpora o produto de intenções.

No entanto, há divergências com relação à classificação dessa disciplina e, nesse sentido, Martin Alonso considera a existência de dois tipos: a estilística linguística (que tem por base os estudos da língua informal, não padrão, isto é, do uso popular da língua) e a estilística literária (mais voltada aos problemas da língua erudita, estilizada).

A estilística literária, a qual nos interessa neste momento, traz como corrente iniciada por Leo Spitzer, parte da reflexão, de cunho psicologista, sobre os desvios da linguagem em relação ao uso comum. Trata das questões da motivação do texto, ou seja, ao se analisar um texto nessa perspectiva, deve-se considerar que é preciso buscar o que o autor sentiu no momento de sua criação ou buscar informações que nos levem à origem da criação. Isso significa analisar o texto à procura de suas origens. O objetivo dos pesquisadores dessa vertente é, enfim, analisar como se constitui a obra literária, além de considerar o prazer estético que ela provoca no leitor. Em suma, o que interessa à estilística literária é a natureza poética do texto.