A interpretação de texto
Uma das maiores dificuldades que se encontra na leitura de texto literário é o fato de eles acionarem múltiplos saberes, que não raro passam pela filosofia, história, política, geografia, artes etc. Uma obra como “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, por exemplo, é ininteligível se o leitor não compreender o narrador itinerante e multidisciplinar que ali se evoca. Já um poema como “Mãos Dadas”, de Carlos Drummond, só se entende a partir da associação do contexto histórico. O que se verifica é que além dessas dificuldades interdisciplinares, outra ainda se faz sentir: ler um texto é compreender, antes de tudo, os mecanismos linguísticos sobre os quais se sustentam a mensagem.
É claro que os falantes nativos da língua têm essa habilidade de compreensão de forma intuitiva, fundamentada na gramática interna; sendo assim, o conhecimento sobre a nomenclatura gramatical não interfere na leitura (mais superficial) do texto. Em realidade, quando se trata de uma primeira leitura, a nomenclatura gramatical interfere muito pouco, visto que ela não deve nunca ser um fim em si mesmo, mas, sim, a condição na qual sustenta a materialização dos sentidos textuais.
Mas, mesmo para falantes nativos do idioma, o conhecimento gramatical será imprescindível se a intenção for produzir uma análise a partir de uma perspectiva mais arguta, robusta, aprimorada e holística.