Pré-Modernismo
- Fase de transição;
Para muitos estudiosos, esse período não deve ser considerado uma escola literária, uma vez que apresenta inúmeras produções artísticas e literárias distintas. Em outras palavras, ele reúne um sincretismo estético, com presença de características neo-realistas, neo-parnasianas e neo-simbolistas.
CARACTERÍSTICAS
- Ruptura com o academicismo;
- Ruptura com o passado e a linguagem parnasiana;
- Linguagem coloquial, simples;
- Exposição da realidade social brasileira;
- Regionalismo e nacionalismo;
- Marginalidade das personagens: o sertanejo, o caipira, o mulato;
- Temas: fatos históricos, políticos, econômicos e sociais.
CONTEXTO
No início do século XX, o Brasil e o mundo estavam passando por uma fase de muitas mudanças. Podemos destacar a transição da República da Espada para a República Velha, cuja política do café com leite concentrou o poder nas mãos das oligarquias paulistas e mineiras.
Foi nesse panorama que o regionalismo brasileiro começa a se expandir na virada do século, sendo enfatizado por diversos conflitos que surgiram entre a classe dominante e a classe dominada.
Assim, além da política do café com leite, inúmeras revoltas iam surgindo, tais como: revolta da vacina, revolta da chibata, revolta da armada, revolta de Canudos, etc.
Diante disso, os artistas do momento, gradualmente foram se voltando para a realidade brasileira, e assim, buscando uma linguagem mais simples e informal, o que resultou na produção de diversas obras de caráter social.
Na Europa, os movimentos artísticos de vanguardas (expressionismo, cubismo, futurismo, dadaísmo e surrealismo) já começavam a mostrar uma postura inovadora. Eles anunciavam esse novo mundo em transição e que se consolidaria aqui no Brasil com o movimento modernista, em 1922.
Por fim, nesse momento, diversos conflitos foram se espalhando pelo mundo, os quais culminariam na Primeira Guerra Mundial, em 1914.
Autores brasileiros pré-modernistas
Os escritores pré-modernos assumem uma posição mais crítica em relação à sociedade e aos modelos literários anteriores. Muitos deles rompem com a linguagem formal do arcadismo e, além disso, exploram temas históricos, políticos e econômicos.
Os pré-modernistas que se destacaram na prosa foram: Euclides da Cunha, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Lima Barreto. Já na poesia, merece destaque o poeta paraibano Augusto dos Anjos.
1. Euclides da Cunha (1866-1909)
Euclides Rodrigues da Cunha foi um escritor, poeta, ensaísta, jornalista, historiador, sociólogo, geógrafo, poeta e engenheiro brasileiro. Ocupou a cadeira 7 na Academia Brasileira de Letras de 1903 a 1906. Publicou Os Sertões: Campanha de Canudos, em 1902, a qual é dividida em três partes: A Terra, o Homem, A Luta. Essa obra regionalista retrata a vida do sertanejo. Publicou também a Guerra de Canudos (1896-1897) no interior da Bahia.
2. Graça Aranha (1868-1931)
José Pereira da Graça Aranha foi um escritor, diplomata maranhense e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e organizador da Semana de Arte Moderna de 1922.
Sua obra que merece destaque é Canaã, publicada em 1902. Ela aborda sobre a migração alemã no estado do Espírito Santo. Outras obras que merecem destaque são: Malazarte (1914), A Estética da Vida (1921) e Espírito Moderno (1925).
3. Monteiro Lobato (1882-1948)
José Bento Renato Monteiro Lobato foi um escritor, editor, ensaísta e tradutor brasileiro.
Um dos mais influentes escritores do século XX, Monteiro Lobato ficou muito conhecido por suas obras infantis de caráter educativo, como, por exemplo, a série de livros do Sítio do Picapau Amarelo.
Em 1918 publica Urupês, uma coletânea regionalista de contos e crônicas. Já em 1919 publica Cidades Mortas, livro de contos que retrata a queda do Ciclo do Café.
4. Lima Barreto (1881-1922)
Afonso Henriques de Lima Barreto, conhecido como Lima Barreto, foi um escritor e jornalista brasileiro.
Autor de uma obra critica veiculada aos temas sociais, o escritor rompe com o nacionalista ufanista e faz críticas ao positivismo.
Sua obra que merece destaque é o Triste Fim de Policarpo Quaresma escrito numa linguagem informal. Nela, o autor faz crítica à sociedade urbana da época.
Antecipa temática e formalmente as manifestações modernistas.
5. Augusto do Anjos (1884-1914)
Apesar de ser considerado simbolista, o poeta Augusto dos Anjos teve grande destaque no período pré-moderno. Conhecido como o "poeta da morte" pelos temas inquietantes e sombrios explorados, ele ocupou a cadeira n° 1 da Academia Paraibana de Letras.
Sua única obra publicada em vida, Eu (1912), reúne diversos poemas que chocam pelos temas, pela agressividade, pelo uso de uma linguagem informal e cotidiana, bem como o de palavras consideradas antipoéticas.