'Profissão de Fé', de Olavo Bilac
Um de seus mais famosos poemas, visto por muitos como a obra-prima do Parnasianismo, "Profissão de fé", é um exercício de metalinguagem, no qual Bilac descreve o ofício de um poeta em sua busca pela forma perfeita, demonstrando uma preocupação exacerbada com a estrutura dos versos em detrimento do conteúdo.
Leia um trecho do poema:
(...)
Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
Corre; desenha, enfeita a imagem,
A ideia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:
E que o lavor do verso, acaso,
Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.
(…)
Profissão de fé – Olavo Bilac