Orações subordinadas substantivas (2)


Se a oração substantiva equivale a um sintagma nominal, ela exercerá a função que este teria na oração complexa (ou período composto por subordinação) em que se encontra. 

Por exemplo:

(4) Esperamos que você venha.

Ao dividirmos o período, temos a oração principal << Esperamos >> e a subordinada << (que) você venha >>. Se substituíssemos a oração por um sintagma nominal, poderíamos obter << Esperamos sua vinda >>.

Tornando-se um período simples, neste poderíamos identificar seus elementos: sujeito oculto (nós); verbo transitivo direto – esperamos; objeto direto – sua vinda.

O sintagma nominal que equivale à oração subordinada no período tem a função de objeto, por isso ela recebe a classificação de oração subordinada substantiva objetiva direta.

A partir das funções que podem exercer o sintagma nominal, há um quadro para a classificação das orações subordinadas substantivas:

Substantiva subjetiva: sujeito

É certo que eu irei.

É certo isso.

Isso é certo.


Comenta-se que a vacina fez efeito.

Comenta-se isso.


se - pronome apassivador 

que a vacina fez efeito - sujeito


É urgente que Yuri se case

É urgente isso.

Isso é urgente

É - verbo de ligação

isso - sujeito.


À direita do verbo de ligação é predicativo, em oração subordinadas.

É urgente que Yuri se case.

É está à esquerda, logo que Yuri se case é sujeito.


Substantiva objetiva direta: objeto direto

Ela não viu que eu cheguei.


Substantiva objetiva indireta: objeto indireto

Eu necessito de que alguém me ajude.


Substantiva completiva nominal: complemento nominal

Deve haver: preposição + nome

Tenho necessidade de que alguém me ajude.

Sou favorável a que o condene.


Substantiva predicativa: predicativo

À direita do verbo de ligação é predicativo, em oração subordinadas.

O fato foi que tudo terminou.

Minha esperança é que a pandemia não volte mais.


Substantiva apositiva: aposto

Tenho uma certeza: que tudo terminou bem.


A fim de facilitar a classificação das orações subordinadas substantivas, apresentamos um método prático, proposto por alguns estudiosos da gramática.

Trata-se de substituir a oração subordinada pelo pronome isso e, a partir da substituição, observar que função assumiria em um período simples. Vejamos:

(5) Convém que você venha.

Substituindo a oração subordinada:

Convém isso.

Se colocarmos a oração transformada na ordem direta (SVC), obtemos:

Isso convém.

Assim, observamos que a oração equivale a um sintagma que tem a função de sujeito da oração. Portanto, essa oração deve ser classificada como subordinada substantiva subjetiva.

É importante ressaltar que as orações substantivas são introduzidas normalmente pela conjunção integrante que. Quando indica uma incerteza, um questionamento, o que pode ser substituído por se:

Não sei se ela virá.

Bechara chama essa conjunção integrante de transpositor:

Na realidade essa conjunção não tem por missão precípua juntar duas orações – como fazem as conjunções coordenativas –, mas, tão somente, marcar o processo porque se transpôs uma unidade de camada superior (uma oração independente) para funcionar, numa camada inferior, como membro de outra oração. (...) Só haverá orações ou períodos compostos quando houver coordenação. Dizemos que esse que é um transpositor.

Daí também a preferência de Bechara, assim como a de Perini, por chamar de orações complexas orações que integram um período composto por subordinação. No caso das orações substantivas, o autor chama-as de “orações complexas de transposição substantiva”.