Funções sintáticas da palavra 'que'

MARIANA RIGONATTO

A palavra que pode exercer diferentes funções sintáticas nos enunciados; veja:

a) Conjunção coordenativa explicativa: liga duas orações coordenadas, e a segunda oração é uma explicativa.

Exemplo:

Não insista, (por) que eu não lhe emprestarei dinheiro!


b) Conjunção coordenativa aditiva: liga duas orações coordenadas, e a segunda oração é uma aditiva.

Elas reclamavam que reclamavam, até que, finalmente, foram atendidas.


c) Conjunção coordenativa alternativa: liga duas orações coordenadas, e a segunda oração é uma alternativa.

Exemplo:

Uma que outra roupa servia-lhe perfeitamente.


d) Conjunção subordinativa substantiva: liga a oração principal à subordinada substantiva (subjetiva objetiva direta, objetiva indireta, completiva nominal, predicativa, apositiva).

Exemplo:

Parece que vai chover.

Parece isso.

Isso parece.

função de sujeito: Parece que vai chover.

(oração subordinada substantiva subjetiva)


e) Conjunção subordinativa causal: liga a oração principal à oração subordinada adverbial causal.

Exemplo:

Ele nunca me visita, que o trabalho o impede de viajar por muito tempo.


f) Conjunção subordinativa consecutiva: liga a oração principal à subordinada adverbial consecutiva.

Exemplo:

Ele ficou tão enciumado que mandou desligar o telefone.


g) Conjunção subordinativa concessiva: liga a oração principal à subordinada adverbial concessiva.

Exemplo:

Relevante que seja esta informação, não me interessa.


h) Conjunção subordinativa comparativa: liga a oração principal à subordinada adverbial comparativa.

Exemplo:

Viajar de avião é mais prazeroso do que viajar de carro.


i) Conjunção subordinativa final: liga a oração principal à subordinada adverbial final.

Exemplo:

Vamos torcer, que (para que) a economia melhore.


j) Pronome relativo: inicia oração subordinada adjetiva e possui a mesma função do termo a que se refere.

Exemplo:

Gosto de pessoas que tenham bom humor.


k) Pronome interrogativo: inicia uma unidade interrogativa direta ou indireta e pode ter a função de adjunto adnominal ou de um dos termos da oração.

Exemplo:

Queremos entender o que você quis realmente dizer naquele momento.

(núcleo do objeto direto do verbo entender e neste caso se caracteriza como uma pergunta indireta).


l) Pronome indefinido: aparece em unidades exclamativas com a função de adjunto adnominal.

Exemplo:

Que notícia maravilhosa você acaba de me dar!


m) Substantivo: aparece escrito com um acento circunflexo e possui a função de núcleo do adjunto adnominal de um dos termos da oração.

Exemplo:

Essa pintura tem um quê de Picasso.


n) Advérbio: possui a função de adjunto adverbial de intensidade e é utilizado para intensificar um adjetivo ou um advérbio.

Exemplo:

Que inocente fui em acreditar em suas juras de amor!


Adjunto adverbial

Esta é a casa em que vivi durante algum tempo.

(Vivi na casa durante algum tempo)

Adjunto adverbial de lugar


o) Preposição: na linguagem coloquial, pode ser equivalente à preposição de, e também pode ter valor das preposições acidentais salvo, exceto e senão.

Exemplo:

Temos que (de) estudar para as provas.

Compareceu à reunião sem outras justificativas que (senão) as apresentadas anteriormente.


p) Interjeição: para manifestar espanto, perplexidade, admiração, surpresa; expressão típica de frases construídas com o uso de interjeições.

Exemplo:

Quê (ou Que)! Tal medida é absurda!


q) Partícula de realce: não possui função sintática e é utilizada apenas para dar realce, portanto, pode ser retirada do enunciado sem que haja prejuízo para a compreensão dele.

Exemplo:

Que saudades que eu tenho dos nossos momentos juntos!


r) Agente da passiva

Este é o jornal por que fui homenageado.

(Fui homenageado pelo jornal)