Fragmento 57


Havia acordado mais solitário que o normal, sentia-se sozinho, via-se apenas consigo mesmo. Levantou com disposição para amar a vida, mas sem a necessidade de conjugá-la no plural, pois parecia dar mais certo. Seguia sem contar com alguém ao seu lado para dividir sonhos [...]. Extinguiram-se os afagos, os calores, os cheiros e todas aquelas tardes amenas... Decidiu-se, então, viver um dia de cada vez, mesmo que custasse todo brilho: queria ver até aonde chegaria. O segredo da vida, pensava, é não se agarrar a nada, desprender-se de tudo e contemplar a liberdade do seu próprio espírito, ainda que seja laboriosamente a parte mais difícil da existência, e, só, então, assim, chegar-se à verdadeira felicidade.

Alecto Grego