Castro Alves
Castro Alves (1847-1871) foi um dos últimos grandes poetas do Romantismo no Brasil. Sua obra representa, na evolução da poesia romântica brasileira, um momento de maturidade e de transição.
Maturidade, em relação a algumas atitudes ingênuas das gerações anteriores, como a idealização amorosa e o nacionalismo ufanista, às quais o poeta dava um tratamento mais crítico e realista.
Transição, porque sua visão mais objetiva diante da realidade aponta para o movimento literário seguinte, o Realismo, que já predominava na Europa.
Castro Alves foi poeta dos escravos pela sensível aos graves problemas sociais do seu tempo.
A poesia abolicionista é sua melhor realização nessa linha, denunciando energicamente a crueldade da escravidão e clamando pela liberdade.
Seu poema abolicionista mais famoso é “O Navio Negreiro”.
A linguagem usada por Castro Alves para defender seus ideais liberais é grandiosa.
Num estilo vibrante, predominam antíteses, hipérboles e apóstrofes, empregadas quase sempre em função de elementos da natureza que sugerem força e imensidão (montanha, mar, céu, tempestades, cachoeiras, etc.).
Esse estilo declamatório recebeu o nome de condoreirismo, palavra derivada de condor, águia que sobrevoa os mais altos picos da Cordilheira dos Andes. Castro Alves é considerado a principal expressão condoreira da poesia brasileira.
“O Navio Negreiro” é um poema épico dramático que integra a obra “Os Escravos” e junto com “Vozes d’África”, da mesma obra, vem a ser uma das principais realizações épicas de Castro Alves. Denuncia da escravidão e do transporte de negros para o Brasil. Ele faz uma recriação poética das cenas dramáticas do transporte de escravos nos porões dos navios negreiros, valendo-se em grande parte dos relatos de escravos com quem conviveu na Bahia quando menino.