Barroco no Brasil (ou Seiscentismo)
Na literatura, o marco inicial do barroco é a publicação da obra “Prosopopeia” (1601) de Bento Teixeira; na escultura e arquitetura, Aleijadinho foi, sem dúvida, um dos maiores artistas barrocos brasileiros.
Durante o período colonial o Barroco floresceu no Brasil. A capital Salvador foi transferida para o Rio de Janeiro e, com isso, o número de habitantes aumentou consideravelmente no país.
Aliado a exploração de ouro, que passou a ser a principal atividade econômica desenvolvida, o aumento da população propiciou um forte desenvolvimento econômico.
Com a queda das exportações de açúcar nordestino no mercado consumidor mundial, tem início o chamado "ciclo do ouro". Nesse período, Minas Gerais passou a ser o grande foco, tendo em conta as jazidas encontradas no local.
Foi ali que a arte barroca mineira começou a despontar com Aleijadinho na escultura e arquitetura, e o Mestre Ataíde, na pintura.
No Brasil Colônia, no século XVII, a estética barroca passou a influenciar artistas no território brasileiro. Nesse período, Salvador e Recife eram os principais centros urbanos, pois a economia do país era baseada na exploração de cana-de-açúcar, concentrada no Nordeste. Salvador era a capital do Brasil, centro do poder, e lá moraram os dois principais escritores do barroco brasileiro.
A escravidão dos nativos indígenas e dos negros africanos, iniciada no século anterior, estava em curso no país. O trabalho na produção de cana-de-açúcar era, portanto, exercido por escravos. Não havia ainda uma ideia de Brasil como nação, a identidade do país estava em construção. A principal influência cultural era portuguesa. Dessa maneira, a religiosidade cristã ditava o comportamento das pessoas da época, comandadas pela Igreja Católica.
Na Europa, no século anterior, a Reforma Protestante provocou a reação da Igreja Católica naquilo que ficou conhecido como Contrarreforma, criando medidas de combate ao protestantismo, entre elas a criação da Companhia de Jesus. Os jesuítas, responsáveis pela catequização dos índios, chegaram ao Brasil no século XVI e permaneceram no país, onde exerceram grande influência política, até o século XVIII, quando foram expulsos. O autor barroco Padre António Vieira (1608-1697) foi um dos mais importantes tanto no Barroco brasileiro quando no Barroco português.
Linguagem dramática;
Racionalismo;
Exagero e rebuscamento;
Uso de figuras de linguagem;
União do religioso e do profano;
Arte dualista;
Jogo de contrastes;
Valorização dos detalhes;
Cultismo (jogo de palavras);
Conceptismo (jogo de ideias);
Antítese e paradoxo: figuras de oposição;
Pessimismo: postura negativa diante da materialidade;
Feísmo: obsessão por imagens desagradáveis;
Rebuscamento: ornamentação excessiva da linguagem;
Hipérbole: exagero;
Sinestesia: apelo sensorial.
Teixeira (1561-1618)
Nascido no Porto, Portugal, Bento Teixeira é o autor da obra “Prosopopeia” (1601), que inaugura o movimento do barroco literário no Brasil. Esse poema épico com 94 estrofes exalta a obra de Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da capitania de Pernambuco.
Gregório de Matos (1633-1696)
Nascido em Salvador, Gregório de Matos foi um dos maiores representantes da literatura barroca no Brasil. Sua obra reúne mais de 700 textos de poemas líricos, satíricos, eróticos e religiosos. Parte de suas poesias ironizava diversos aspectos da sociedade e, por isso, ficou conhecido como “Boca do Inferno”.
Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711)
Nascido em Salvador, Manuel Botelho de Oliveira foi o primeiro brasileiro a publicar versos no estilo barroco. De sua obra poética, destaca-se: “Música do Parnaso” (1705).
Frei Vicente de Salvador (1564-1636)
Nascido próximo à capital baiana, O Frei Vicente de Salvador foi historiógrafo e o primeiro prosador do país. Teólogo de formação, estudou na Universidade de Coimbra e de volta ao Brasil exerceu os cargos de cônego, vigário e franciscano. De sua obra, destacam-se: “História do Brasil” e “História da Custódia do Brasil”.
Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768)
Nascido na Bahia, o Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica foi um frade franciscano. De sua poesia, destacam-se as obras: “Eustáquios” e “Descrição da Ilha de Itaparica”.
Em Minas Gerais, além de Aleijadinho, o grande nome da arte barroca mineira, destacam-se as pinturas do Mestre Ataíde.
É possível encontrar as obras de Aleijadinho (1730-1814) em diversas cidades mineiras, tais como: Ouro Preto, Congonhas, São João del-Rei entre muitas outras. Ele ficou conhecido por suas esculturas em pedra-sabão, entalhes em madeira, altares e igrejas.
Principais temáticas
- fragilidade humana;
- fugacidade do tempo;
- crítica à vaidade;
- contradições do amor."
CURIOSIDADES
“Aleijadinho era um deficiente físico grave que fez centenas de estátuas sozinho”
As famosas esculturas são provavelmente fruto de vários e talentosos artistas, que dividiam o trabalho entre si e tinham ajudantes. E a imagem dele como um homem desfigurado pode ser uma criação literária. Para alguns historiadores, o mais provável é que a fonte de inspiração da biografia de Bretas eram personagens literários populares no século XIX, como Quasímodo, o corcunda de Notre-Dame do livro do escritor francês Victor Hugo, Notre-Dame de Paris. Os dois são impressionantemente parecidos. Como Aleijadinho, Quasímodo era um belo-horrível: apesar de ter uma aparência desfigurada, era capaz de boas ações.
Levando em consideração que, em sua produção literária, Gregório de Matos dedicou-se também à sátira irreverente, pode-se afirmar que os versos se marcam: pela indignação, advinda de um ideal moralizante expresso pelo eu lírico.
Gregório de Matos escreveu mais de 700 poemas religiosos, amorosos e satíricos. Apenas para citar alguns dos mais representativos:
"A Jesus Cristo Nosso Senhor" - poema sacro.
"À mesma d. Ângela" - poema amoroso.
"Triste Bahia" - poema satírico.
Lembrando que Gregório de Matos é conhecido como "Boca de Inferno", justamente por causa dos seus sonetos satíricos.
A antítese, o recurso mais utilizado no Barroco, é uma figura de pensamento que recorre à aproximação das palavras com sentidos opostos. É o caso de tristeza e alegria.
Em:
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda flor sua pisada.
Oh, não aguardes, que a madura idade
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
(Gregório de Matos)
Há um jogo metafórico do Barroco, a respeito da fugacidade da vida, exaltando gozo do momento. Os autores do Barroco recorrem a muitas figuras de linguagem, sendo a metáfora uma delas. A metáfora apresenta uma comparação implícita, neste caso, a pouca duração da mocidade com o gozo do momento.
O cultismo e o conceptismo são caraterísticas do Barroco. O cultismo é um estilo que valoriza a forma textual, enquanto o conceptismo, valoriza o conteúdo.
O Padre Antônio Vieira tinha como seu estilo literário o conceptismo, cujo objetivo é convencer as pessoas através da argumentação.
A presunção de superioridade, crítica da vaidade, preconceito de cor são características tanto Bocage como Gregório de Matos, que eram conhecidos por serem presunçosos e preconceituosos.
O cultismo na Espanha, Portugal e Brasil é também conhecido como gongorismo e seu mais ardente defensor, entre nós, foi o Pe. Antônio Vieira, que, no Sermão da Sexagésima, propõe a primazia da palavra sobre a ideia.
Gregório de Matos Guerra se utilizava do cultismo (gongorismo).