Pronome oblíquo átono


Pronome oblíquo átono é aquele que não vem acompanhado de preposição. São classificados dessa forma tendo em conta a sua tonicidade e desempenham a função de complemento verbal, ou seja, de objetos direto e indireto.

Os pronomes oblíquos átonos são:


1. Os pronomes me, te, nos, vos têm a função de objeto direto ou de objeto indireto.

Conhece-nos? (conhecer algo ou alguém, objeto direto);

Suas palavras me encantam.(encantam a alguém, logo, objeto indireto).


2. Os pronomes o, a, os, as têm apenas a função de objeto direto.

Não a chamei.

Foi ele quem os convidou.


3. Os pronomes lhe e lhes têm apenas a função de objeto indireto.

Atirem-lhe!

Eu disse-lhes.


4. O pronome se tem a função de objeto direto ou de objeto indireto, mas é sempre usado na voz reflexiva.

Penteou-se.

Ela se queimou!


Adaptações fonológicas

1. Os pronomes o, a, os, as, depois de verbos terminados em -z, -s ou -r são adaptados para as formas lo, la, los, las. Assim, esses verbos perdem as suas terminações.


Fi-lo porque quis. (fiz + o)

Qui-lo muito, por isso, estou feliz! (quis + o)


2. Junto de verbos que terminam em som nasal, por sua vez, surgem as formas no, nos, na, nas.

Levaram-no para o hospital. (levaram + o)

Soltem-nas! (soltem + as)


Combinação de pronomes

A combinação de pronomes oblíquos átonos dá origem às seguintes formas, as quais podem ser vistas em obras literárias:

mo, mos, mal mas

to, tos, ta, tas

lho, lhos, lha, lhas

no-lo, no-los, no-la, no-las

vo-lo, vo-los, vo-la. vo-las


“Não te esqueci, eu to juro.” (Gonçalves Dias).

“Dobrada à moda do Porto fria? Não é prato que se possa comer frio, mas trouxeram-mo frio.” (Fernando Pessoa).


MAIS

As formas pronominais no, na, nos, nas, lo, la, los, las, e as modalidades lo, la, los, las. Os pronomes o, a, os, as, quando associados às terminações verbais -r, -s, -z, passam para a forma: lo, la, los, las.

buscar + eles = buscá-los 

refazer + eles = refazê-los 

quis + ele = qui-lo 

quis + ela = qui-la 

fiz + ele = fi-lo


Essas formas pronominais podem ocorrer depois ou no meio do verbo (ênclise ou mesóclise):


Podíamos comprá-los, se quiséssemos.

(ênclise)


A tarefa, Marina fê-la com carinho.

(ênclise)


Buscamo-lo-emos em seguida à nossa chegada.

(mesóclise)


Modalidades no, na, nos, nas


Formas pronominais enclíticas que ocorrem após as formas verbais com ditongo nasal final: -ão, -õe, -m:

dão + ele = dão-no 

dão + eles = dão-nos 

põe + ele = põe-no 

põe + eles = põe-nos 

pediram + ela = pediram-na


Resumo:

Verbos terminados em: -r, -s, -z + o, a, os, as = lo, la, los, las.

Verbos terminados em: -m, -ão, -õe = o, a, os, as = no, na, nos, nas.


MAIS

Convidei-o. (convidei o candidato )

- morfologicamente: pronome pessoal do caso oblíquo

- sintaticamente: objeto direto


Informei-lhe. (informei ao candidato)

- morfologicamente: pronome pessoal do caso oblíquo

- sintaticamente: objeto indireto


PARA ENTENDER

São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são precedidos de preposição.

Possuem acentuação tônica fraca. 

Ele me deu um presente.


O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:

- 1ª pessoa do singular (eu): me

- 2ª pessoa do singular (tu): te

- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, o, a, lhe

- 1ª pessoa do plural (nós): nos

- 2ª pessoa do plural (vós): vos

- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, os, as, lhes


O lhe é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o pronome o ou a e preposição a ou para. Por acompanhar diretamente uma preposição, o pronome lhe exerce sempre a função de objeto indireto na oração.

Os pronomes me, te, se, nos e vos podem tanto ser objetos diretos como objetos indiretos. Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos diretos.

Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las.


Vamos aos exemplos:

- Trouxeste o pacote?

- Sim, entreguei-to ainda há pouco.

- Não contaram a novidade a vocês?

- Não, não no-la contaram.


No português do Brasil, essas combinações não são usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro. 

Por que não mas envia?

O verbo enviar tem dois complementos: me (a quem as dúvidas são enviadas = a mim) e as (o que é enviado = as dúvidas). A contração desses dois termos resulta em mas.


Os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes se contraem com o, a, os, as resultando assim:

contração com o: mo, to, lho, no-lo, vo-lo, lho;

contração com a: ma, ta, lha, no-la, vo-la, lha;

contração com os: mos, tos, lhos, no-los, vo-los, lhos;

contração com as: mas, tas, lhas, no-las, vo-las, lhas.


Veja exemplo:

O curso dá um livro ao vencedor do desafio do mês.

Nessa frase, um livro pode ser substituído por o, e ao vencedor, por lhe: lhe + o = lho: O curso dá-lho.


Para essa contração ser usada, há de haver contexto, ou seja, o texto tem de trazer claramente, antes da contração, livro e vencedor, como ocorre com a frase apresentada: mas = me (eu, a quem as dúvidas são enviadas) + as (as dúvidas enviadas).

Outros exemplos:

Lembra que lhe prometi aquele perfume? Trouxe-lho agora. (lhe + o – o refere-se a perfume)

Você disse que nos enviaria o convite para a festa de seu aniversário, e não no-lo enviou. (nos + o – o refere-se a convite).