Interpretação e compreensão de texto


A interpretação de texto implica no que chamamos de processamento textual, ou seja, é um encadeamento de input e output de informações por meio da INFERÊNCIA (dedução).

Se nos perguntarmos se há uma regra disponível para que possamos interpretar um texto, a resposta, infelizmente, será NÃO.

Não existe uma teoria, como na gramática normativa, que nos garanta aplicabilidade de regras para que seja possível interpretar qualquer tipo de texto. Isso porque o texto está envolto de fatores, como a intencionalidade e a subjetividade do autor, que fazem com que ele se torne único dentro de um universo próprio.

SUPERFÍCIES 

TEXTUAL
A informação está explícita, está dita no texto;
Há, portanto, compreensão.

Paráfrase: dizer a mesma coisa com outras palavras.

INTERTEXTUAL
Implícito, ou seja, a informação está nas entrelinhas.
Há, portanto, interpretação.

Há referência a outro texto existente.

INTRATEXTUAL
Relação de dois (ou mais) textos diferentes;

É a relação que se estabelece entre dois textos quando um deles faz referência a elementos existentes no outro. Esses elementos podem dizer respeito ao conteúdo, à forma, ou mesmo forma e conteúdo.

Em Chapeuzinho vermelho, n'Os três porquinhos e em outro conto no qual fale de lobo ocorre intratextualidade.

PRESSUPOSTO E SUBENTENDIDO
São categorias de conteúdo implícito, utilizadas nas situações de comunicação: os pressupostos e os subentendidos.

O PRESSUPOSTO refere-se às ideias expressas de maneira explícita.

Exemplo:
Decidi deixar de comer carne.
Pressuposto: A pessoa comia carne antes.

O SUBENTENDIDO não vem marcado por expressões linguísticas; é um processo de construção de sentido que se organiza a partir da percepção do receptor. O subentendido é um recurso utilizado em situações de comunicação, nas quais o sujeito não quer se comprometer com o que disse.

Exemplo:
Você vai a pé para casa agora?
Subentendido: Eu posso lhe dar uma carona ou é perigoso andar a pé na rua a estas horas.

PALAVRAS
Aquisição de novas palavras para o repertório intelectual.

Faz-se necessário aumentar o vocabulário aprendendo novas palavras do léxico (acerca de palavras da língua portuguesa)

INTERPRETAÇÃO
NÃO há regra disponível para interpretar texto.

Não existe uma teoria;

Para interpretar um texto é necessário níveis de informatividade, ou seja, determinados conhecimentos prévios que propiciem a inferência.

INTERPRETAR é inferir o que o autor disse, não expor o que você entendeu.

Para entender o conceito, basta lembrarmos da retórica utilizada comumente em uma discussão: “eu (emissor) sou responsável pelo que digo, mas não pelo que você (receptor) entende”.

A bagagem intelectual e cultural de cada um é determinante para que haja sucesso ao interpretar um texto (música, poema, fotografia etc) assim como a subjetividade do autor do texto.

É imperativo termos que compreender e identificar o que o autor teve a intenção de dizer.

Para que haja uma interpretação eficiente é necessário: dispor de leitura de qualidade e interação entre o que o leitor já sabe e o que ele retira do texto.

Muitas vezes, os textos nunca dizem tudo (a inferência está a partir do texto), pois eles dependem do trabalho interpretativo do leitor (RECEPTOR)

Em um texto literário, por exemplo, existe as possibilidades de interpretação, ou seja, há diversos pontos de vista que partem do leitor. O que não significa que o leitor esteja livre para atribuir qualquer sentido ao que lê.

Em certos textos, basta ler algumas partes buscando a informação necessária para encontrá-la; já outros, precisam ser lidos várias vezes. Um exemplo famoso de texto que causa dificuldade por não seguir a ordem direta na frase é o nosso Hino Nacional.

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante

A ordem direta é: sujeito + verbo + complemento.

Nessa ordem, o Hino ficaria:
As margens plácidas do (rio) Ipiranga + ouviram + o
brado retumbante de um povo heroico.

No último exemplo, é possível constatar a figura de linguagem hipérbato, quando ocorre e transposição ou inversão da ordem natural das palavras de uma oração, para efeito estilístico.

É importante observar que o Hino Nacional Brasileiro segue o estilo parnasiano, o que justifica a presença da linguagem rebuscada e a inversão sintática.

Algumas perguntas que podem medir a capacidade de interpretação:

a) Eu leio?
b) O que trago como repertório intelectual?
c) Qual a minha bagagem cultural?
d) Minhas atividades fazem referência a novos aprendizados?
e) Utilizo a internet para adquirir novos conhecimentos?

Cabe unicamente ao leitor uma breve análise desses indícios antes da leitura. O título, por exemplo, leva-nos a imaginar sobre o gênero do texto (se é poema, conto, artigo científico etc.). Sobre o assunto tratado por ele, entre outras previsões. Ou seja, o título cria expectativa no leitor. Assim como a fonte de onde o texto foi retirado.

Outras táticas:

a) Avaliar a exatidão das informações;
b) Avaliar a superficialidade e a profundidade com que o tema foi tratado pelo autor;
c) Reconhecer ambiguidades, confusões e imprecisões;
d) Valorizar a pertinência ou o alcance das conclusões ou generalizações;
e) Verificar a fonte: o texto foi retirado de um jornal ou de um livro de poemas?
f) Identificar posições políticas, ideológicas;
e) Utilizar da malícia e de análise semântica.

O que não fazer:

a) Ler com pressa;
b) Pensar que sabe o que o autor quis dizer;
c) Desconectar pensamento;
d) Palavras abertas;
e) Impor a sua visão.

A compreensão textual (intelecção) implica em utilizar o entendimento e buscar a resposta dentro do texto.

Conhecimentos requeridos:

Morfologia: compreende o processo de formação de cada palavra. Refere-se sobre gênero e número dos substantivos; tempo; modo; número e pessoa de um verbo e classe gramatical.

Sintaxe: relaciona-se com as estruturas criadas com cada
palavra, como a oração, frase etc.

Semântica: é a parte da língua que estuda o significado das
palavras; os sentidos que elas podem tomar de acordo com o contexto.

Outro fator importante ao compreender e interpretar qualquer texto é estar atento ao que realmente está escrito no texto.

Táticas:
a) Separar fato e opinião;
b) Encontrar pistas textuais;
c) Extrair a ideia central.

Interpretação de textos: é a capacidade de interpretar o conteúdo por meio de inferências; vai além do texto;

Compreensão de textos: é a decodificação da mensagem, ou seja, análise do que está no explícito no texto.

MAIS

(entre vírgula) ,... que..., - explica (oração subordinada explicativa)

(sem vírgula) que - exclui (oração subordinada adjetiva restritiva)