Concordância com percentagem
COM INFORMAÇÕES DO CIBERDÚVIDAS
82,5% defendem cortes nas despesas, em vez de aumentos de impostos.
O verbo vai para o plural e deve haver vírgula antes da locução em vez de.
81,5% não aprovam a ação deste governo.
Numa escala de 0 a 20, 29% avaliam o governo.
Apenas 10,2% dos inquiridos se aproximam da avaliação entusiástica.
81,5 % da amostra desaprova a ação do governo.
Observamos que, embora o símbolo de percentagem seja sempre um plural (82,5, 81,5, 29 e 81,5), nas três primeiras frases, o verbo vai para o plural, enquanto na última vai para o singular.
A regra é a seguinte: quando o sujeito é composto por uma expressão de percentagem seguida de um termo preposicionado, o predicado concorda com esse termo preposicionado, indo para a 3.ª pessoa do singular se esse termo for singular (81,5% da amostra), e para a 3.ª pessoa do plural se esse termo estiver no plural (82,5% dos inquiridos, 81,5% dos portugueses, 29% dos inquiridos). Exemplos:
Pensa-se que 24% dos estudantes usam o computador em trabalhos escolares.
Pensa-se que 24% da população estudantil usa o computador em trabalhos escolares.
No caso de a expressão de percentagem ser constituída por um número inferior a 2, a regra mantém-se: a concordância da forma verbal faz-se com o termo encaixado.
Infelizmente, 1,5% dos alunos não tomam o pequeno-almoço.
Infelizmente, só 1% das pessoas têm verdadeiramente voz na matéria.
Há, no entanto, gramáticos que consideram que, no caso de a expressão de percentagem ser constituída por um número inferior a 2, a concordância se deveria fazer com o numeral utilizado, e a forma verbal ir para o singular (ex.: 1,5% dos alunos não toma o pequeno-almoço), especificando que a concordância da forma verbal com o termo no plural constituiria uma silepse (isto é, uma concordância pelo sentido). Tal perspectiva não me parece a melhor, pelos dois motivos que se seguem.
1. Se se considera que deve haver concordância com um termo encaixado no singular, apesar de o número percentual ser 2 ou mais (portanto, plural), então não se compreende porque é que tal regra desaparece se o número percentual for inferior a 2.
2. Quando está envolvida uma concordância em género, verifica-se que a forma verbal tem de concordar com o termo encaixado.
Pensa-se que 1% das mulheres são maltratadas pelos companheiros
(e não 1% das mulheres é maltratado).
Diz-se que 1,5% das empresas estão falidas (e não 1,5% das empresas está falido).
Finalmente, se a expressão da percentagem não é seguida de nenhum termo preposicionado e este termo não se subentende, a concordância é feita com esse número.
Hoje, 99% disseram "não!".