A regência da palavra 'convicto'


COM INFORMAÇÕES DO CIBERDÚVIDAS

A forma correta implica o uso da preposição de (cf. Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos, de Francisco Fernandes). 

O adjetivo convicto seleciona uma oração completiva preposicionada (introduzida pela preposição de), razão pela qual a construção convicto de que é a que deve ser usada.

Para que não haja dúvidas, importa assinalar que a estrutura convicto de que é incluída por Malaca Casteleiro, em Sintaxe Transformacional do Adjectivo: Regência das Construções Completivas (Lisboa, INIC, 181, p. 496).

Estou convicto de que as coisas vão melhorar.

Para além da preposição de, o adjetivo convicto admite também, quando não seleciona uma oração completiva, mas um sintagma nominal, a regência com a preposição em, conforme se verifica nos seguintes exemplos:

Estava muito convicto de que a velha era servida de favores do alto e sempre mais ou menos inspirada, atentavam religiosamente no que ela dizia. (Camilo Castelo Branco).

Estava muito convicto da força das suas ideias. (Luís Viana Filho, A Vida de Rui Barbosa, 63).

Firmes e convictos na sua fé como antigos sacerdotes de Tiro ou de Cartago, oferecendo aos deuses aplacados o sacrifício expiatório da rês humana. (Ramalho Ortigão, A Holanda, 2).

REGÊNCIA EM 'CRENÇA'

Em uma questão é possível ainda discutir a regência para a palavra crença.

Tendo como principal propósito a interligação das distantes e isoladas províncias com vistas à constituição de uma nação-Estado verdadeiramente unificada, esses pioneiros da promoção dos transportes no país explicitavam firmemente a sua crença de que o crescimento era enormemente inibido pela ausência de um sistema nacional de comunicações e de que o desenvolvimento dos transportes constituía um fator crucial para o alargamento da base econômica do país.

22. A preposição em de que o desenvolvimento (ℓ.6) é exigida pela regência da palavra crença (ℓ.4).

22. CERTO. Observem-se os termos destacados no texto: esses pioneiros da promoção dos transportes no país explicitavam firmemente a sua crença de que o crescimento era enormemente inibido pela ausência de um sistema nacional de comunicações e de que o desenvolvimento dos transportes constituía um fator crucial. 

O substantivo crença exige complemento preposicionado (complemento nominal), regido pelas preposições em ou de. As duas orações introduzidas por de que (preposição + conjunção integrante) classificam-se como subordinadas substantivas completivas nominais. Note-se, também, que imediatamente antes da segunda ocorrência da expressão de que há uma conjunção aditiva e. Essa conjunção está ligando os dois complementos do substantivo crença.