Novo acordo ortográfico


O novo acordo ortográfico foi realizado em 2009, com prazo de adaptação até 2012, e visa uniformizar e aproximar a gramática (principalmente na escrita) entre os nove países que têm a Língua Portuguesa como língua oficial.

As mudanças consistem principalmente na acentuação, uso no hífen, uso do trema e no alfabeto, exemplificadas a seguir.

O alfabeto ganhou mais letras na nova ortografia:

Antes do novo acordo ortográfico, as letras K, Wnão faziam parte oficialmente do alfabeto da Língua Portuguesa e só podiam ser utilizadas em medidas como Kilo ou Watts.

Além de acrescentar as novas letras que já vinham sendo usadas pelos falantes, palavras estrangeiras que passaram a fazer parte do cotidiano também foram incorporadas no novo acordo ortográfico.

Veja alguns exemplos:

Show; Kamikaze; Stand by; Link; Internet.

Assim como as palavras comuns, os nomes próprios passaram a fazer parte oficialmente da norma padrão:

Taiwan;  Nova York; Hong Kong; Patrick; William; Emilly; Yasmin.

O alfabeto oficial da língua portuguesa é formado, portanto por 26 letras, que podem ser representadas de forma maiúscula ou minúscula. Antes da entrada em vigor do acordo ortográfico, em janeiro de 2009, nosso alfabeto era composto por 23 letras, pois as letras k, w e y eram consideradas estrangeiras.

A - B - C - D - E - F - G - H - I - J - K - L - M - N - O - P - Q - R - S - T - U - V - W - X - Y - Z

ACENTUAÇÃO

No quesito da acentuação, o novo acordo ortográfico trouxe alterações relacionadas ao acento agudo e ao circunflexo. Listamos abaixo cada uma delas:

Ditongos paroxítonos

Os ditongos (encontro de duas vogais na mesma sílaba) em palavras paroxítonas perderam o acento agudo.

Exemplos:

Ideia;

Boia;

Assembleia;

Odisseia.

As monossílabas e oxítonas continuam sendo acentuadas no novo acordo ortográfico.

Pó; Só; Pá; Sumaré; Macapá.

Hiatos com paroxítonas com i ou u

Os hiatos (encontro de duas vogais de sílabas diferentes) em palavras paroxítonas formadas pelas letras i ou u perderam a acentuação na nova ortografia, nos casos em que vêm após um ditongo:

Feiura;

Bocaiuva.

Fim do acento para ôo e êem

Outras palavras que perderam o acento foram as que tinham terminações em ôo ou êem. Após o novo acordo, o acento circunflexo foi retirado.

Observe como era antes e como é agora:

Crêem > Creem;

Enjôo > Enjoo;

Lêem > Leem;

Vêem > Veem.

Fim do acento diferencial

Antes do novo acordo ortográfico, algumas palavras possuíam o que é conhecido como acento diferencial. O acento diferencial era utilizado para discernir palavras que possuíam a mesma pronúncia, mas que tinham significados distintos.

Pára como verbo: Ele sempre pára quando o sinal está amarelo.

Para como preposição: O que tem para comer hoje?

Agora, após o acordo ortográfico, só existe a palavra para que pode ser utilizada como verbo ou preposição:

Para como verbo: Ele sempre para quando o sinal está amarelo.

Para como preposição: O que tem para comer hoje?

O contexto da frase irá dizer ao leitor o que representa a palavra. Veja outras mudanças semelhantes:

Pólo > polo;

Pêlo > pelo;

Pêra > pera.

Há exceção à regra:

O verbo pôr e a sua conjugação no passado pôde continuam com acentuação.

Também foram mantidos os acentos nas seguintes conjugações:

Tem (singular) e têm (plural);

Vem (singular) e vêm (plural);

Mantém (singular) e mantêm (plural);

Contém (singular) e contêm (plural).

Fim do trema

Antes do novo acordo ortográfico ser promulgado, muitas vezes você esquecia de que tinha que colocar o trema nas sílabas que, qui, gue ou gui que possuíam uma pronúncia que deixava a letra U mais evidente.

Este sinal gráfico (ü) que era formado por dois pontos sobre a letra “U” acabou entrando em desuso e por isso foi retirado da Língua Portuguesa, permanecendo apenas em uma única exceção.

A exceção da regra

Há apenas uma única exceção para o uso do trema na nova ortografia. Ele ainda deve ser grifado em nomes próprios estrangeiros. Um exemplo disso é o sobrenome Bündchen da modelo brasileira Gisele Bündchen. Ele continua com trema, pois tem origem alemã. Já a o nome próprio Anhanguera perde o trema pois tem origem local.

No cotidiano, você não precisará se preocupar com o trema já que dificilmente se deparará com um nome próprio de origem estrangeira que tenha o sinal. Para todas as palavras em português, ele não existe mais.

Dupla grafia

Quando você se depara com a palavra antónimo, dá uma sensação de que ela foi escrita de forma incorreta e que o certo seria antônimo. Se você morasse em Portugal, teria uma visão totalmente oposta do que apresentamos, afinal, por lá é mais comum se utilizar o acento agudo em antónimo.

Como o novo acordo ortográfico veio para facilitar a compreensão da Língua Portuguesa e melhorar a comunicação entre os países lusófonos, algumas palavras passaram a ter uma dupla grafia. Isso quer dizer que você pode escrever a mesma coisa de formas diferentes em algumas situações.

Confira os exemplos:

Antónimo > Antônimo;

Género > Gênero;

Puré > Purê;

Sinónimo > Sinônimo.

USO DO HÍFEN

O hífen continua nos seguintes casos:

Se a segunda palavra começar com a letra h como em super-homem e pré-história;

Depois do prefixo ex como em ex-jogador;

Após o prefixo vice como em vice-presidente;

Quando houver o prefixo além como em além-mar;

Se tiver o prefixo bem como em bem-vindo ou bem-humorado;

Após o prefixo recém como em recém-nascido;

Depois do prefixo pós como em pós-graduação;

Se houver o prefixo pré como em pré-escola;

Quando tiver o prefixo sem como em sem-teto.

Mesma vogal: separa!

O hífen passa a ser utilizado quando as palavras terminam com a mesma vogal que inicia a próxima palavra:

micro-ondas;

micro-organismo;

arqui-inimigo;

sobre-explorar.

Mesma consoante: separa!

Assim como no caso anterior sobre das vogais, se o prefixo terminar com uma mesma consoante que a segunda palavra, deve-se usar o hífen. Exemplo:

Super-romântico;

Inter-regional;

Sub-reptício;

Sub-bibliotecário.

Vogal diferente: junta!

Se a vogal que encerra o prefixo é diferente da que inicia a próxima palavra, o hífen deve cair e a palavra ser aglutinada na nova ortografia. 

Infraestrutura;

Autoestima;

Coautor;

Semiaberto.

Consoante diferente: junta!

Se a consoante que encerra o prefixo é diferente da que inicia a próxima palavra, o hífen deixa de existir como demonstrado a seguir:

Subchefe;

Sub-reptício;

Hipermercado.

Consoante mais vogal: junta!

Autopeça;

Semicírculo;

Microcomputador.

Hífen quando há vogal seguida de r ou s

O hífen foi retirado em casos no qual o prefixo termina em vogal e a próxima palavra começa com r ou s.

A palavra girassol tem o prefixo gira, que termina com a vogal a, e, em sequência, vem a palavra sol, que começa com a letra s. Ela deve ser emendada, e a letra s é dobrada para que o som da pronúncia fique correta.

Girassol;

Ultrassonografia;

Antisséptico;

Contrarregra.

Hífen para circum e pan

Os prefixos circum e pan possuem hífen quando a palavra seguinte começa com uma vogal ou as letras h, m e n:

Pan-americano;

Pan-helenismo;

Circum-navegação.

Exceções das regras do hífen

Existem algumas exceções sobre o hífen. 

Segunda-feira;

Couve-flor;

Guarda-chuva;

Erva-doce.

Já outras palavras acabaram sendo aglutinadas.

Mandachuva;

Paraquedas.

Dentro das exceções, algumas palavras fazem parte daquilo que os gramáticos chamam de noção de composição, enquanto outras não fazem.

Palavras compostas por justaposição (radicais que se juntam sem que haja alteração fonética).

Exemplos: couve-flor, ano-luz, arco-íris.

Nomes de lugares

Nomes que se iniciam com grã, grão ou que sejam ligados por artigos.

Exemplos: Grã-Bretanha, Grão-Pará, Baía de Todos-os-Santos.

Outros nomes de lugares não levam hífen. Exceção: Guiné-Bissau.

Espécies Botânicas e Zoológicas.

Exemplos: amor-perfeito, tamanduá-bandeira, pimenta-do-reino.

Bem e Mal

Palavras compostas cujo primeiro elemento são as palavras bem ou mal e os elementos que se seguem se iniciam com a letra h ou com vogal.

Exemplos: bem-humorado, bem-amado, mal-assombrado.

Contudo, no caso do advérbio bem, há palavras cujos elementos se iniciam com consoante em que o hífen é empregado, embora com o advérbio mal não sejam.

Exemplos: bem-criado, mas malcriado.

Hiper-, Inter- e Super-

Quando o segundo elemento começa com a letra r.

Exemplos: hiper-resistente, inter-relação, super-revista.

Hiperárido.

Ex-, Vice-

Exemplos: ex-mulher, vice-presidente, vice-prefeito.

Pós-, Pré- e Pró-, quando são acentuados.

Exemplos: pós-moderno, pré-escola, pró-europeu.

Sufixos de origem tupi-guarani

Exemplos: capim-açu, cajá-mirim, Embu-guaçu.

Gentílico:

Quando as formas alatinadas e reduzidas se seguem de outro adjetivo pátrio formando um adjetivo pátrio composto, o hífen deve ser sempre usado. Porém, quando o segundo elemento não é um adjetivo pátrio, o hífen não é admitido.

Cabo-verdiano

Mini 

O falso prefixo mini-, após a reforma ortográfica, passou a ser separado do segundo elemento por hífen somente nos casos em que este inicia por -i ou -h. Caso o segundo elemento inicie com a consoante -s ou -r, é necessário dobrá-la, sem usar hífen.

Portanto, o correto é minissaia.

Ante

Segundo o Novo Acordo Ortográfico, o hífen é utilizado apenas quando o prefixo termina com a mesma letra que começa a segunda palavra ou quando a segunda palavra começa com h. 

Exemplos: ante-estreia, ante-histórico, ante-hipófise.

Anti

O prefixo anti é utilizado na língua portuguesa para indicar oposição a algo. Somente é separado do segundo elemento por hífen nos casos em que este inicia por -i ou -h. Caso o segundo elemento inicie com a consoante -s ou -r, é necessário dobrá-la, sem usar hífen. Nos demais casos, quando o segundo elemento inicia por outras consoantes ou vogais, não há hífen.

Exemplos com hífen:

anti-higiênico

anti-histórico

anti-hemorrágico

anti-herói

anti-horário

anti-ibérico

anti-infeccioso

anti-inflamatório

anti-islâmico