Fragmento 36


Se prestarmos atenção, poderemos notar que as coisas costumam vir juntas de certa maneira. Nós é que temos o hábito de separá-las em bem e mal, sim e não, verdadeiro e falso, certo e errado, prazeroso e desprazeroso, sagrado e profano. E foi ao perceber essa sobreposição da realidade que eu tive que me propor o esmero de pôr um fim à leitura da vida através do dualismo moral. 

No instante em que eu entendi que a vida é uma luta interna entre os nossos próprios impulsos dentro de nós mesmos e sem nenhum objetivo, eu percebi que paixão e razão mantêm as mesmas forças em um combate intermitente. Às vezes em total desequilíbrio, o que pouco importa já que nós não temos controle deles. E é talvez por isso que é difícil dizer se posso considerar Pedro como a minha Lou Salomé; pois em nós apenas pairou a sombra do ideal.

Alecto Grego