Discurso, tipo de texto e gênero


Discurso

Para a seleção de um gênero ou tipo de texto, consideramos o domínio discursivo, que corresponde a uma esfera comunicativa, isto é, a uma instância de produção discursiva

Exemplo: discurso científico, discurso jornalístico, discurso religioso. Ou seja, cada uma dessas esferas propicia a existência de uma diversidade de gêneros.

Domínio discursivo:

Discurso jornalístico

Gênero:

- Editorial;

- Carta ao leitor;

- Notícia;

- Reportagem;

- Resenha.

Gênero

O termo gênero é empregado em mais de uma área de estudo. Na Gramática significa a variação das palavras em língua portuguesa em masculina ou feminina. No entanto, na Linguística, significa diversidade de texto usado na sociedade (poema, bula, conversação etc.).

Tipos e gêneros

Narração: romance, conto, crônica, epopeia etc.

Descrição: romance, conta, bula, conversação etc.

Opinativo: carta ao leitor, crônica, editorial, conversação etc.

Argumentativo: dissertação, tese, artigo científico etc.

Suporte

Quando lemos ou escrevemos, recorremos a um suporte de gênero textual. O texto pode ser um recado gravado e o suporte, no caso, pode ser uma secretária eletrônica.

- Jornal;

- Revista;

- Gibi;

- Computador;

- Telefone;

- Caderno.

Domínios discursivos e gêneros textuais

De acordo com Marcuschi, o surgimento dos gêneros textuais se deu em três fases: primeiro, no período em que a oralidade era o principal meio de comunicação e os povos começavam a ver a necessidade de criar alguns tipos de gêneros, entre eles a própria conversação, mitos, lendas, poemas, todos eles falados.

Segundo, com o surgimento da escrita, no século 7 a.C, os gêneros foram ampliados para poemas escritos, tratados filosóficos, gramáticas, peças de teatro escritas, epopeias (antes orais, passaram a ser escritas), leis etc. 

Por último, com a industrialização no século 18, os gêneros tiveram seu alto grau de desenvolvimento.

Fazendo uma comparação entre o seu surgimento e o momento atual, os gêneros estão no ápice de seu desenvolvimento e expansão, e isso se deu devido ao surgimento da cultura eletrônica, em especial à internet.

Os meios tecnológicos tais como o rádio, a televisão, o jornal, a revista, a internet, por estarem nas atividades comunicativas na vida social, acabam gerando o surgimento de novos gêneros textuais como editoriais, artigos, cartas eletrônicas, e-mails, chats, blogs e mais.

Marcuschi explica que “gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social”. Para ele, devido aos gêneros não serem limitados e estáticos, eles mudam, crescem e se diversificam de acordo com o desenvolvimento das atividades comunicativas e sociais diárias.

Os gêneros são inseridos na sociedade mais por suas funções comunicativas e cognitivas do que por sua função linguística e estrutural. O uso frequente, principalmente na comunicação diária, com a ajuda dos meios de comunicação tais como a televisão e o rádio, faz com que novos gêneros surjam e que haja ligação com outros gêneros já existentes. Podemos citar o exemplo das cartas e bilhetes, agora como suas sucessoras - as cartas eletrônicas-, que são gêneros novos com características próprias.

Ainda segundo Marcuschi, “é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto”. Os tipos textuais são caracterizados por seus aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais e relações lógicas, e estes estão inseridos na narração, argumentação, exposição, opinião, descrição e injunção.

Já gêneros textuais são textos materializados e com características sociocomunicativas existentes no dia a dia, definidos por conteúdos, propriedades, estilos e composição.

Se de um lado gêneros textuais são realizações concretas da língua definidas por propriedades sociocomunicativas, de outro, tipos textuais são realizações definidas por propriedades intrínsecas. Se os primeiros são textos empíricos e cumprem seu papel em situações comunicativas, os segundos cumprem seu papel no interior dos gêneros e não são empíricos.

Para fazer a escolha de qual gênero textual usar em determinado contexto também é necessário determinar os seguintes fatores:

a) sujeito enunciador (autor);

b) interlocutor (o público ao qual o autor se dirige);

c) finalidade da interação (o objetivo do autor);

d) lugar e momento da produção (o contexto em que o autor produz seu texto);

e) canal (o meio de circulação do texto).

Os gêneros textuais compreendem um agrupamento não limitado de denominações concretas determinadas pelo canal, conteúdo, composição e função, enquanto os tipos textuais compreendem um agrupamento limitado de categorias teóricas definidas por aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas e pelo tempo verbal.

Sobre o domínio discursivo, não pode ser chamado exatamente de texto nem de discurso, porém destes surgem os discursos com características próprias. Isso se dá devido a esses tipos de discursos não terem um gênero específico, como por exemplo: o jurídico, jornalístico e religioso entre outros.

Em resumo, o tipo textual caracteriza-se por sequências linguísticas típicas, e gêneros textuais caracterizam-se por ação prática e fazem parte de um domínio discursivo, o lugar da atividade social em que os textos se inserem ou circulam.

Costumamos confundir tipo e gênero principalmente quando estes se referem a cartas pessoais, visto que troca-se o termo gênero de texto por tipo de texto. Em um gênero textual pode haver vários tipos textuais, sendo ele “dado por um conjunto de traços que forma uma sequência e não um texto”.

Injuntiva: está situada a sequência imperativa

Descritiva: está situada a localização

Expositiva: está situada a sequência explicativa

Em uma carta há diversas sequências tipológicas ou “armação de base” e isso faz com que haja uma coesão estrutural do texto. É essa diversidade tipológica que possibilita aos gêneros ter a flexibilidade de se adaptar à ação social.