Inatismo, ambientalismo e interacionismo
INATISMO
Platão como o idealismo
MAIÊUTICA (método socrático) - trazer o conhecimento à luz.
A abordagem Inatista traz a concepção de que a prática pedagógica não advém de circunstâncias contextualizadas, ela baseia-se nas capacidades básicas do ser humano. Ou seja, a personalidade, a forma de pensar, seus hábitos, seus valores, as reações emocionais e o comportamento são inatos, isto é, nascem com o indivíduo e seu destino já vem pré-determinado. Os eventos que ocorrem após o nascimento não são essenciais ou importantes para o desenvolvimento. Destaca-se como teórico, Arnold Gessel.
Segundo Rousseau, a natureza, dizem-nos, é apenas o hábito. Que significa isso? Não há hábitos que só se adquirem pela força e não sufocam nunca a natureza? É o caso, por exemplo, do hábito das plantas, cuja direção vertical se perturba. Em se lhe devolvendo a liberdade, a planta conserva a inclinação que a obrigam a tomar; mas a seiva não muda, com isto, sua direção primitiva; e se a planta continuar a vegetar, seu prolongamento voltará a ser vertical. O mesmo acontece com os homens.
Nesta teoria, a prática escolar não importa e nem desafia o aluno, já que está restrito àquilo que o educando já conquistou. O desenvolvimento biológico é que é determinante para a aprendizagem. O processo de ensinar e aprender só pode acontecer à medida que o educando estiver maduro para aprender. A educação terá o papel de aprimorar o educando.
Na concepção inatista, a prática pedagógica não tem origem contextualizada, daí a ênfase no conceito de educando em geral. Os postulados inatistas justificam práticas pedagógicas espontaneístas, do reforço das características inatas, onde o sucesso escolar está no educando e não na escola.
AMBIENTALISMO
A abordagem ambientalista, também chamada de behaviorista ou comportamentalista, privilegia a experiência como fonte do conhecimento e formação de hábitos, atribuindo um grande poder ao ambiente no desenvolvimento e na constituição das características humanas.
Preocupa-se em explicar o comportamento humano através da observação, descartando a análise de aspectos da conduta humana como raciocínio, desejos, fantasias, sentimentos, entre outros. Destaca e valoriza a importância de medir, testar, comparar, experimentar e controlar o comportamento do educando e sua aprendizagem.
O homem é concebido como um ser plástico, que desenvolve suas características em função das condições presentes no meio em que se encontra. Esta concepção é inspirada no empirismo, que é uma corrente filosófica, que enfatiza a experiência sensorial objetiva e neutra no conhecimento da realidade humana. Watson e Pavlov trouxeram grande contribuição ao pensamento comportamentalista, mas a criação da teoria e dos princípios foi de responsabilidade do americano Burruhs Skinner, o grande defensor da posição ambientalista. Ele se propõe a construir uma ciência do comportamento. O ambiente para ele é muito mais importante do que a maturação biológica. São os estímulos presentes numa dada situação que levam ao aparecimento de um determinado comportamento.
Tais estímulos controlam o comportamento fazendo com que aumente ou diminua a frequência com que ele aparece, ou faz com que ele desapareça ou só apareça em situações consideradas adequadas ou ainda, faz com que o comportamento se refine e aprimore, etc. Daí o motivo pelo qual se atribui à concepção ambientalista uma visão do indivíduo enquanto ser extremamente reativo à ação do meio.
Mudanças no comportamento podem ser provocadas de diversas maneiras. As consequências positivas provocam um aumento na frequência com que o comportamento aparece e são chamadas de reforçamento. Já as consequências negativas levam a uma diminuição na frequência com que certos comportamentos ocorrem, recebem o nome de punição. Por exemplo, se após arrumar os seus brinquedos (comportamento), a criança ouvir elogios de sua professora (consequência positiva) ela procurará deixar os brinquedos arrumados mais frequentemente, porque associa os comportamentos.
Mas, se cada vez que um garoto jogar uma bola (comportamento) e quebrar o vidro da janela e for obrigado a pagar por ela (consequência negativa), tomará mais cuidado ao jogá-la novamente. Já quando há um comportamento inadequado e é desejável que ele seja eliminado do repertório de comportamentos de uma pessoa, usa-se a extinção, onde é imprescindível quebrar a ligação que se estabeleceu entre o comportamento indesejável e algumas consequências do mesmo, sendo necessário que seja retirado do ambiente as consequências que o mantém. Por exemplo, quando uma criança faz bagunça na sala de aula, chamando a atenção da professora, mas esta mostra-se indiferente ao comportamento da criança, provavelmente a criança parará de fazer bagunça. Este comportamento será extinto por ter deixado de promover o aparecimento de determinadas consequências, no caso, a atenção da professora.
O comportamento humano pode se modificar em função da observação de como agem outras pessoas que acabam se tornando modelos a serem copiados. Quando tais comportamentos são reforçados, a tendência será a de imitação e quando são punidos, tende-se a evitá-los.
Na visão ambientalista, a atenção de uma pessoa é função das aprendizagens que realizou ao longo de sua vida em contato com estímulos reforçadores ou punitivos relativos aos seus comportamentos anteriores. O comportamento é sempre o resultado de associações estabelecidas entre algo que provoca (um estímulo antecedente) e algo que o segue e o mantém (um estímulo consequente).
Portanto, na visão ambientalista, a aprendizagem pode ser entendida como o processo pelo qual o comportamento é modificado como resultado da experiência e para que ela ocorra é preciso que se considere a natureza dos estímulos presentes na situação, o tipo de resposta que se espera obter, o estado físico e psicológico do organismo e aquilo que resultará da própria aprendizagem como, mais conhecimentos, elogios, prestígio, notas altas, etc.
A ênfase da visão ambientalista está em proporcionar novas aprendizagens através da manipulação dos estímulos que vêm antes e depois do comportamento, fazendo-se necessário uma análise profunda da forma como os indivíduos atuam em seu ambiente, identificando os estímulos que provocam o aparecimento do comportamento e as consequências que o mantém. Esta análise é chamada de análise funcional do comportamento.
Em sala de aula, as teorias ambientalistas têm sua importância no planejamento de ensino, quando na organização das condições para que a aprendizagem ocorra, no esclarecimento dos objetivos instrucionais e operacionais, na sequência das atividades que levarão aos objetivos propostos e nos reforçadores que serão utilizados.
Nesta concepção, o papel do professor é valorizado, o que na abordagem inatista havia sido minimizado. O professor pode lançar mão de vários artifícios como elogios, notas, “pontos positivos” para entrega de lições ou até lições caprichadas, para reforçar positivamente os comportamentos esperados.
Por outro lado, há críticas quanto à concepção ambientalista, no sentido de não haver lugar para a criação de novos comportamentos, pelo excessivo diretivismo por parte do adulto (professor). Deixou-se de usar e valorizar situações em que a aprendizagem podia acontecer de forma espontânea, principalmente nos momentos onde a cooperação entre as crianças acontece, com o objetivo de alcançar um fim comum.
Enfim, a educação foi sendo entendida como tecnologia, deixando de lado a reflexão sobre a sua prática, exigindo do professor um profundo conhecimento dos fatores a serem considerados num planejamento de ensino, porém tal conhecimento ficava apenas no papel, ou seja, fazia-se a programação da aula como uma atividade meramente formal, colocando-se os projetos de aula num padrão determinado, esquecendo-se da atividade cognitiva de pesquisa-ação das condições de aprendizagem.
A principal crítica que se faz à concepção ambientalista é quanto à concepção de homem como ser passivo face ao ambiente, no sentido de poder ser manipulado e controlado pela simples alteração das situações em que se encontram, não havendo espaço para a criação de novos comportamentos. Não há preocupação em explicar os processos através dos quais a criança raciocina e a forma como ela se apropria do conhecimento.
INTERACIONISTA
Biológico + Meio
Social + Biológico
Segundo os interacionistas, o organismo e o meio exercem ações recíprocas, ou seja, um influencia o outro acarretando mudanças sobre o indivíduo. Eles discordam das teorias inatistas por desprezarem o papel do ambiente e das concepções ambientalistas por ignorarem fatores maturacionais.
É na interação da criança com o mundo físico e social que características deste mundo vão sendo conhecidas e assim ela poderá, através de sua ação sobre ele, ir construindo seus conhecimentos.
Portanto, a concepção interacionista de desenvolvimento acredita na ideia de interação entre o organismo e o meio, na qual resulta a aquisição de conhecimentos, como um processo construído pelo indivíduo que dura a vida toda.
As experiências anteriores servirão de base para novas construções de conhecimentos, que não serão adquiridos passivamente, mas sim graças às pressões do meio sobre o indivíduo e a relação que o mesmo estabelece com o ambiente numa determinada situação.
O bebê constrói suas características, ou seja, seu modo de agir, pensar, sentir e sua visão de mundo, através da interação com outras pessoas, adultos e crianças. Podemos destacar duas correntes teóricas que defendem a visão interacionista de desenvolvimento: a elaborada por Piaget e seus seguidores e a defendida por teóricos soviéticos, em especial por Vygotsky. Destaca-se como teórico também Wallon.