Figuras de linguagem


Figuras de Linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são recursos estilísticos usados para dar maior ênfase à comunicação.

Dependendo da sua função, elas são classificadas em:

Figuras de palavras ou semânticas: estão associadas ao significado das palavras. Exemplos: metáfora, comparação, metonímia, catacrese, sinestesia e perífrase.

Figuras de pensamento: trabalham com a combinação de ideias e pensamentos. Exemplos: hipérbole, eufemismo, litote, ironia, personificação, antítese, paradoxo, gradação e apóstrofe.

Figuras de sintaxe ou construção: interferem na estrutura gramatical da frase. Exemplos: elipse, zeugma, hipérbato, polissíndeto, assíndeto, anacoluto, pleonasmo, silepse e anáfora.

Figuras de som ou harmonia: estão associadas à sonoridade das palavras. Exemplos: aliteração, paronomásia, assonância e onomatopeia.

As figuras de linguagem são recursos da língua para tornar as mensagens mais expressivas. Elas ampliam o significado de uma oração, assim como supre as lacunas de uma frase com novos significados.

Veja as principais:


Antonomásia ou perífrase

anti/nome

A antonomásia ou perífrase é a substituição de uma ou mais palavras por outra que a identifique.

  • A cidade maravilhosa é o lugar mais bonito do Brasil.

Substitui o nome da cidade Rio de Janeiro por uma característica marcante: a ideia de ser maravilhosa.

Para alguns gramáticos, perífrase é a figura de linguagem que consiste na substituição de uma palavra por várias.

  • A troca de Xuxa por Rainha dos Baixinhos.


Eufemismo

O eufemismo é uma figuras de linguagem mais utilizadas pelos falantes da língua portuguesa. Ocorre quando usa-se uma palavra ou expressão no lugar de outra para suavizar a mensagem.


Ao invés de:

  • Adolfo morreu.

Usa-se:

  • Adolfo faleceu.


Aliteração

Consiste na repetição de sons de consoantes iguais ou semelhantes. Ocorre, geralmente, no início das palavras que compõem versos ou frases, mas pode estar também no meio ou no fim.


  • O rato roeu a roupa do rei de Roma.


Alusão

Ocorre quando se faz referência a algum texto. Trata-se de um intertexto: um texto se relaciona com o outro de forma explícita ou implícita.


  • Meu computador foi invadido por um Cavalo de Troia.


O nome do vírus faz referência, ou seja, um intertexto com a história da “Ilíada” de Homero. 


Assíndeto

O assíndeto se caracteriza pela marcada ausência de conectores e conjunções que ligam palavras e orações, sendo a omissão mais notória a da conjunção coordenativa e.


  • Eu queria conhecer o mundo, viajar por todos os países, Grécia, Itália, Canadá, Moçambique, Austrália, expandir os meus horizontes.


Paronomásia (ou paranomásia)

Do grego, a palavra paronomasía corresponde à aproximação de palavras (união dos termos para, que significa ao lado e onoma, que corresponde ao nome, palavra).

A figura de linguagem paronomásia recebe esse nome porque utiliza os parônimos para dar maior ênfase ao discurso. Os parônimos são palavras que se assemelham na grafia e na pronúncia, entretanto diferem no sentido.

São popularmente conhecidos como trocadilhos, sendo muito comum nos provérbios, no meio publicitário e humorístico.


  • Quem casa, quer casa.


  • Qual o doce preferido do átomo? Pé de molécula.


Ao referir-se ao doce tradicional brasileiro de amendoim: pé de moleque.


Pleonasmo

O pleonasmo, também chamado de redundância, embora para alguns gramáticos sejam diferentes, caracteriza-se pelo uso excessivo de palavras na transmissão de uma mensagem, ocorrendo repetição de ideias.


  • Morrer de morte morrida.

  • Subir para cima.


IMPORTANTE

Pleonasmo (pleonasmo poético ou literário) e pleonasmo vicioso (redundância)

Pleonasmo (pleonasmo poético ou literário) serve para dar ênfase ao enunciado.


  • "Olhar com olhos de ressaca"


Pleonasmo vicioso (redundância) repetição de sentidos num mesmo enunciado.


  • Subiu para cima; desceu para baixo.


Onomatopeia

Do grego, a palavra onomatopoiía, corresponde ao ato de fazer palavras, (onoma significa nome, palavra e poiein significa fazer).

Dessa forma, a onomatopeia é caracterizada pela inserção dos sons reais, ou seja, enfoca na imitação das sonoridades.


  • O gato fez miau.


  • O badalar dos sinos me comove: blem, blem.


Assonância

Do castelhano, a palavra assonância corresponde ao acordo de sons, sendo uma figura de linguagem que ocorre por meio da repetição de vogais.


  • Vou-me embora agora pra casa da Aurora.


Há assonância das vogais o e a e a aliteração do r.


Ironia

Produz um efeito contrário com intenção sarcástica, maliciosa ou de crítica, uma vez que as palavras são utilizadas em sentido diverso ou oposto.


  • Ele é um santinho mesmo!


Dependendo do discurso dos falantes fica claro que a palavra “santinho”, foi utilizada em sentido oposto, ou seja, não tem nada de santo, é malcriado.


Ambiguidade

É considerada um vício de linguagem e também chamada de anfibologia. Ocorre quando há duplicidade de sentido em palavras ou expressões


  • A menina disse à colega que sua mãe havia chegado.

  • O atleta falou ao treinador caído no chão.

  • Perseguiram o porco do meu tio.


Anfibologia

A anfibologia (do grego amphibolia) é considerada um vício de linguagem e, para a linguística moderna, se trata de um sinônimo de ambiguidade (do latim ambiguitas, atis), isto é, a duplicidade de sentido em uma construção sintática. 

Na lógica aristotélica, designa falácia baseada no dúbio sentido - proposital ou não - da estrutura gramatical de modo a distorcer o raciocínio lógico ou a torná-lo obscuro, incerto ou equivocado.


Anáfora

Consiste na repetição de palavras.


  • Quando não tinha nada, eu quis

  • Quando tive frio, tremi


Antítese

anti/tese (anti-ideia)

Usa palavras ou expressões com sentidos opostos. Ou seja: a antítese consiste na utilização de termos, palavras ou orações que se opõem quanto ao sentido. 


  • A sina dos médicos é conviver com a doença e a saúde.

  • Ele estava entre a vida e a morte.

  • A educação é luz sobre trevas.


Paradoxo ou oxímoro

O paradoxo também se fundamenta na oposição, só que ocorre entre o mesmo referente, por isso é mais profundo, pois permeia o âmbito das ideias, não simplesmente das palavras ou orações, como na antítese. A antítese opõe palavras que já são de natureza opostas, enquanto o paradoxo opõe ideias entre si.


  • Os mesmos braços que serviram de abrigo hoje transmitem solidão.

Há, entre gramáticos, outros conceitos no que tangem paradoxo e oxímoro:


Paradoxo

Ocorre com a fusão de ideias opostas, é uma contradição.


  • Guerra é paz.

  • Disciplina é liberdade.

  • Siga meu conselho: Nunca siga conselhos!


Oxímoro

Consiste em se utilizar um adjetivo para qualificar um substantivo, havendo, entre eles, uma contradição.


  • Viviam uma solidão compartilhada.

  • Claro Enigma (Drummond)

  • Nossos políticos são de uma honestidade corrupta.


IMPORTANTE

Antítese é a figura que nos traz a ideia de oposição.

  • Bem e mal; vida e morte.


Paradoxo é a união de vocábulos ou expressões cujo sentido se torna incompatível.

  • Esta claridade obscura que cai sobre a paisagem.


Apóstrofe

É um chamamento; invocação. É a forma de exteriorizar a voz que chama, que grita, que fala, enfatizando seu chamado. Dentre as figuras de linguagem, essa é uma das mais fáceis de identificar, pois não deixa dúvidas.


  • “…Ó Deus! Onde estás que não respondes?

  • Em que mundo, em que estrela, Tu t’escondes?

  • […] Há dois mil anos te mandei meu grito”.


Diferença entre vocativo e apóstrofe

O vocativo é uma função sintática que ocorre em frases imperativas, interrogativas e exclamativas para identificar o interlocutor. A apóstrofe é o termo correspondente ao vocativo quando nos referimos a figuras de estilo.


Prosopopeia ou personificação

Consiste na atribuição de ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irracionais ou outras coisas inanimadas.


  • O vento suspirou essa manhã.


Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado que não suspira, sendo esta uma “qualidade humana”.


Gradação ou clímax

Os termos da frase são fruto de hierarquia (ordem crescente ou decrescente).


  • As pessoas chegaram à festa, sentaram, comeram e dançaram.


Neste caso, a gradação vai ao encontro com o clímax, ou seja, o encadeamento dos verbos se faz na ordem crescente e por isso trata-se de uma gradação crescente: chegaram, sentaram, comeram e dançaram. Por outro lado, se a gradação é decrescente, é denominada de anticlímax, por exemplo: Estava longe, hoje perto, agora aqui.


Cacofonia

Considerado um vício de linguagem, consiste em sons produzidos pela junção do final de um vocábulo e começo de outro, que se encontra a seguir. Ecoam desagradavelmente, causando tonalidades estranhas ou muitas vezes que levam a não distinção da mensagem.


Dei um beijo na boca dela.

(ca+ dela = cadela)


Não me preocupei, já que tinha terminado a prova.

(ja + que+ tinha = jaquetinha)


Eu vi ela na praça.

(vi+ ela= viela)


Ela tinha uma bolsa de couro.

(la+ tinha= latinha)


Polissíndeto

O polissíndeto se caracteriza pela marcada repetição de conectores e conjunções que ligam palavras e orações, sendo a repetição mais notória a da conjunção coordenativa aditiva e.


  • Eu queria conhecer o mundo e viajar por todos os países: Grécia e Itália e Canadá e Moçambique e Austrália e expandir os meus horizontes.


Anástrofe (é um tipo de hiperbato)

A anástrofe, também chamada de inversão, provoca uma inversão leve da ordem normal das palavras numa frase, ocorrendo maioritariamente a antecipação de um termo, como a preposição.


  • Para todos meus amigos comprei presentes.


Sínquise

A sínquise provoca uma inversão total e violenta da ordem normal das palavras numa frase, comprometendo a compreensão da mensagem, que fica desconstruída.


  • A prova ela estudar para tentou ontem.


Catacrese

A catacrese é um tipo de metáfora (metáfora desgastada). Em virtude de os termos serem utilizados com frequência, deixa de se perceber que eles têm sentido figurado. É empregada naturalmente por não existir um nome adequado ou específico para identificar aquilo que se quer expressar.


  • Costas da cadeira;

  • Manga da camisa;

  • Asa da xícara;

  • Pé da mesa;

  • Cabeça de alho.


Comparação

Há comparação de ideias. No entanto, é diferente da metáfora que faz uma comparação implícita. Nesta, o termo comparativo (como, tal qual, tal como, assim etc.) aparece materialmente no enunciado, constituindo uma comparação explícita. Sendo uma comparação simples, é estabelecida uma relação entre elementos do mesmo universo ou contexto.


  • Esperto como uma raposa.

A raposa é conhecida pela inteligência.


Exemplos de comparação simples:


  • O atleta etíope é mais rápido do que o atleta espanhol.

  • Matemática é tão importante quanto português.

  • Tiago é menos bagunceiro que Filipe.

Símile

Sendo uma comparação metafórica, a símile é estabelecida uma relação entre elementos de diferentes universos ou contextos.


  • Meu irmão é teimoso como uma mula.

  • Seus olhos brilhavam que nem esmeraldas.

  • Nunca me vergarei e, tal qual uma árvore, morrerei de pé.


Elipse

Acontece quando há a omissão de um termo que pode ser subentendido no texto. Neste caso, ocorre se uma palavra ou expressão for omitida e mesmo assim puder ser percebida como parte da oração. Vale acrescentar que esta palavra omitida não foi anteriormente citada e não torna a mensagem incompreensível.


Na sala de aula, apenas cinco ou seis alunos.


Neste caso foi omitido o verbo, mas ele está subentendido no texto. Compreende-se que “havia” na sala de aula apenas cinco ou seis alunos. Omissão do verbo haver.


  • Peguei de volta meu casaco.


Foi omitido o pronome "Eu", mas a frase é perfeitamente compreensível


  • A cidade dormia, ninguém na rua.


Aqui faltou o verbo "estava" que deveria estar escrito após o pronome indefinido ninguém. Apesar desta ausência entende-se inteiramente a frase.


  • A vida talvez fosse boa, não houvesse tanta tristeza.


Observe a ausência da conjunção "se". Note que apesar disto, compreende-se a mensagem.


Zeugma

O zeugma é caracterizado pela omissão de termos da oração já anteriormente mencionado, não prejudicando assim o entendimento da mensagem.

Minha filha cursou letras; meu filho, economia.


IMPORTANTE

Na elipse, não há a necessidade da existência de um termo citado anteriormente.


  • Ponte Rio-Niterói

  • Telefone celular.


Na figura de linguagem zeugma, requer o apagamento de um termo manifestado anteriormente ao qual o que foi retirado faz referência.


  • Mario cortou o cabelo ontem; Pedro, hoje.


Anacoluto

Frequentemente utilizado na linguagem falada, o anacoluto provoca uma interrupção na frase, antecipando e enfatizando um termo que se desliga da restante oração.


  • Dietas, como ter força de vontade para as fazer?

  • Meu vizinho, soube que ele foi pego no flagra.

Hipérbato ou Inversão

É caracterizada pela troca na sequência normal dos termos da oração (Sujeito + verbo + complemento). Neste caso, ocorre uma inversão ocasionando uma mudança: a ordem direta destes termos é alterada.


Na ordem inversa:


  • Ouviram do Ipiranga às margens plácidas, de um povo heroico o brado retumbante.


Na ordem direta:


  • As margens plácidas do (rio) Ipiranga + ouviram + o brado retumbante de um povo heroico.


É possível constatar a figura de linguagem hipérbato. Neste caso, ocorre e transposição ou inversão da ordem direta das palavras para efeito estilístico. É importante observar que o Hino Nacional Brasileiro segue o estilo parnasiano, o que justifica a presença da linguagem rebuscada e a inversão sintática.


Hipálage

A hipálage se refere à atribuição de uma característica de um ser ou objeto a outro ser ou objeto que se encontra relacionado ou próximo.


  • Enquanto esperava, tomava notas impacientes.

  • Deitado na rede, Ricardo lia um livro sonolento.

  • Fumando um pensativo cigarro.

  • Deitado eternamente em berço esplêndido.

  • Ao som do mar e à luz do céu profundo.

Silepse

Na silepse ocorre uma concordância ideológica e não uma concordância gramatical, ou seja, a concordância é estabelecida com a ideia que se pretende transmitir ou com termos subentendidos e não com as palavras que compõem a frase.


  • Minas Gerais é encantadora.

Hipérbole ou auxese

Classificada como figura de pensamento, constitui recurso estilístico capaz de aumentar a expressividade do texto.


  • Já te avisei um bilhão de vezes!

  • Se você for embora chorarei rios de lágrimas!

  • As crianças estavam mortas de sede.

  • Que calor infernal!

  • Esta história me faz morrer de rir.

Metáfora

Consiste na transferência de significado de um vocábulo para outro através de comparação não claramente explícita.


  • Aquele rapaz é um gato.

  • Ela me encarou e seu olhar era pedra.

  • Aquela menina é uma flor.

Metonímia

Possibilita troca de um termo por outro de mesma similaridade.


a) O autor pela obra

Ela adora ler Jorge Amado.

Você precisa ler Shakespeare.


b) Continente pelo conteúdo

Os meninos comeram dois pratos no jantar.

Tomamos três garrafas de cerveja.

Comi uma lata de atum.


c) O inventor pelo invento

Ele chegou em um Ford.

Thomas Edison iluminou o mundo.

Graham Bell eliminou as distâncias.


d) O abstrato pelo concreto ou vice-versa

Não resisti aos apelos daquela meiguice.

(Meiguice indica uma pessoa meiga, singela).


e) O efeito pela causa ou vice-versa

Ganharás o pão com o suor de teu rosto; ou

Respeito seus cabelos brancos.


Quiasmo

O quiasmo consiste em uma repetição cruzada de ideias.

E ria, e chorava, e chorava e ria.

Melhor é merecê-los sem os ter,

Que possuí-los sem os merecer.”

(Os Lusíadas, XI, 93)


Evito-o em toda a parte, em toda a parte ele me persegue.

Vinhas fatigada e triste, e triste e fatigado eu vinha.

Era fera lá fora, em casa carneiro era.


Litote

Figura de pensamento utilizada para abrandar uma expressão por meio da negação do contrário. Ele permite afirmar algo por meio da negação, por exemplo:


  • Eu não estou feliz. 


A expressão “não estou feliz” atenua a ideia de “ficar triste”.


Epíteto

Confere característica esta que já é própria do substantivo, enfatizando assim essa qualificação, ou seja, consiste em qualificar um nome através de uma característica que já lhe é inerente.


“Fogem as neves frias

Dos altos montes; quando reverdecem

As árvores sombrias”.


Enálage

Consiste no emprego irregular (em relação à norma sintática corrente) de um modo, tempo ou gênero, em correspondência com outro.


  • No fim de semana, vamos até lá.

No fim de semana, iremos até lá.


  • Quero falar com ele.

Queria falar com ele.