Figuras de linguagem
Figuras de Linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são recursos estilísticos usados para dar maior ênfase à comunicação.
- A cidade maravilhosa é o lugar mais bonito do Brasil.
- A troca de Xuxa por Rainha dos Baixinhos.
O eufemismo é uma figuras de linguagem mais utilizadas pelos falantes da língua portuguesa. Ocorre quando usa-se uma palavra ou expressão no lugar de outra para suavizar a mensagem.
Ao invés de:
- Adolfo morreu.
Usa-se:
- Adolfo faleceu.
Aliteração
Consiste na repetição de sons de consoantes iguais ou semelhantes. Ocorre, geralmente, no início das palavras que compõem versos ou frases, mas pode estar também no meio ou no fim.
- O rato roeu a roupa do rei de Roma.
Alusão
Ocorre quando se faz referência a algum texto. Trata-se de um intertexto: um texto se relaciona com o outro de forma explícita ou implícita.
- Meu computador foi invadido por um Cavalo de Troia.
O nome do vírus faz referência, ou seja, um intertexto com a história da “Ilíada” de Homero.
Assíndeto
O assíndeto se caracteriza pela marcada ausência de conectores e conjunções que ligam palavras e orações, sendo a omissão mais notória a da conjunção coordenativa e.
- Eu queria conhecer o mundo, viajar por todos os países, Grécia, Itália, Canadá, Moçambique, Austrália, expandir os meus horizontes.
Paronomásia (ou paranomásia)
Do grego, a palavra paronomasía corresponde à aproximação de palavras (união dos termos para, que significa ao lado e onoma, que corresponde ao nome, palavra).
A figura de linguagem paronomásia recebe esse nome porque utiliza os parônimos para dar maior ênfase ao discurso. Os parônimos são palavras que se assemelham na grafia e na pronúncia, entretanto diferem no sentido.
São popularmente conhecidos como trocadilhos, sendo muito comum nos provérbios, no meio publicitário e humorístico.
- Quem casa, quer casa.
- Qual o doce preferido do átomo? Pé de molécula.
Ao referir-se ao doce tradicional brasileiro de amendoim: pé de moleque.
Pleonasmo
O pleonasmo, também chamado de redundância, embora para alguns gramáticos sejam diferentes, caracteriza-se pelo uso excessivo de palavras na transmissão de uma mensagem, ocorrendo repetição de ideias.
- Morrer de morte morrida.
- Subir para cima.
IMPORTANTE
Pleonasmo (pleonasmo poético ou literário) e pleonasmo vicioso (redundância)
Pleonasmo (pleonasmo poético ou literário) serve para dar ênfase ao enunciado.
- "Olhar com olhos de ressaca"
Pleonasmo vicioso (redundância) repetição de sentidos num mesmo enunciado.
- Subiu para cima; desceu para baixo.
Onomatopeia
Do grego, a palavra onomatopoiía, corresponde ao ato de fazer palavras, (onoma significa nome, palavra e poiein significa fazer).
Dessa forma, a onomatopeia é caracterizada pela inserção dos sons reais, ou seja, enfoca na imitação das sonoridades.
- O gato fez miau.
- O badalar dos sinos me comove: blem, blem.
Assonância
Do castelhano, a palavra assonância corresponde ao acordo de sons, sendo uma figura de linguagem que ocorre por meio da repetição de vogais.
- Vou-me embora agora pra casa da Aurora.
Há assonância das vogais o e a e a aliteração do r.
Ironia
Produz um efeito contrário com intenção sarcástica, maliciosa ou de crítica, uma vez que as palavras são utilizadas em sentido diverso ou oposto.
- Ele é um santinho mesmo!
Dependendo do discurso dos falantes fica claro que a palavra “santinho”, foi utilizada em sentido oposto, ou seja, não tem nada de santo, é malcriado.
Ambiguidade
É considerada um vício de linguagem e também chamada de anfibologia. Ocorre quando há duplicidade de sentido em palavras ou expressões.
- A menina disse à colega que sua mãe havia chegado.
- O atleta falou ao treinador caído no chão.
- Perseguiram o porco do meu tio.
Anfibologia
A anfibologia (do grego amphibolia) é considerada um vício de linguagem e, para a linguística moderna, se trata de um sinônimo de ambiguidade (do latim ambiguitas, atis), isto é, a duplicidade de sentido em uma construção sintática.
Na lógica aristotélica, designa falácia baseada no dúbio sentido - proposital ou não - da estrutura gramatical de modo a distorcer o raciocínio lógico ou a torná-lo obscuro, incerto ou equivocado.
Anáfora
Consiste na repetição de palavras.
- Quando não tinha nada, eu quis
- Quando tive frio, tremi
Antítese
anti/tese (anti-ideia)
Usa palavras ou expressões com sentidos opostos. Ou seja: a antítese consiste na utilização de termos, palavras ou orações que se opõem quanto ao sentido.
- A sina dos médicos é conviver com a doença e a saúde.
- Ele estava entre a vida e a morte.
- A educação é luz sobre trevas.
Paradoxo ou oxímoro
O paradoxo também se fundamenta na oposição, só que ocorre entre o mesmo referente, por isso é mais profundo, pois permeia o âmbito das ideias, não simplesmente das palavras ou orações, como na antítese. A antítese opõe palavras que já são de natureza opostas, enquanto o paradoxo opõe ideias entre si.
- Os mesmos braços que serviram de abrigo hoje transmitem solidão.
Há, entre gramáticos, outros conceitos no que tangem paradoxo e oxímoro:
Paradoxo
Ocorre com a fusão de ideias opostas, é uma contradição.
- Guerra é paz.
- Disciplina é liberdade.
- Siga meu conselho: Nunca siga conselhos!
Oxímoro
Consiste em se utilizar um adjetivo para qualificar um substantivo, havendo, entre eles, uma contradição.
- Viviam uma solidão compartilhada.
- Claro Enigma (Drummond)
- Nossos políticos são de uma honestidade corrupta.
IMPORTANTE
Antítese é a figura que nos traz a ideia de oposição.
- Bem e mal; vida e morte.
Paradoxo é a união de vocábulos ou expressões cujo sentido se torna incompatível.
- Esta claridade obscura que cai sobre a paisagem.
Apóstrofe
É um chamamento; invocação. É a forma de exteriorizar a voz que chama, que grita, que fala, enfatizando seu chamado. Dentre as figuras de linguagem, essa é uma das mais fáceis de identificar, pois não deixa dúvidas.
- “…Ó Deus! Onde estás que não respondes?
- Em que mundo, em que estrela, Tu t’escondes?
- […] Há dois mil anos te mandei meu grito”.
Diferença entre vocativo e apóstrofe
O vocativo é uma função sintática que ocorre em frases imperativas, interrogativas e exclamativas para identificar o interlocutor. A apóstrofe é o termo correspondente ao vocativo quando nos referimos a figuras de estilo.
Prosopopeia ou personificação
Consiste na atribuição de ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irracionais ou outras coisas inanimadas.
- O vento suspirou essa manhã.
Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado que não suspira, sendo esta uma “qualidade humana”.
Gradação ou clímax
Os termos da frase são fruto de hierarquia (ordem crescente ou decrescente).
- As pessoas chegaram à festa, sentaram, comeram e dançaram.
Neste caso, a gradação vai ao encontro com o clímax, ou seja, o encadeamento dos verbos se faz na ordem crescente e por isso trata-se de uma gradação crescente: chegaram, sentaram, comeram e dançaram. Por outro lado, se a gradação é decrescente, é denominada de anticlímax, por exemplo: Estava longe, hoje perto, agora aqui.
Cacofonia
Considerado um vício de linguagem, consiste em sons produzidos pela junção do final de um vocábulo e começo de outro, que se encontra a seguir. Ecoam desagradavelmente, causando tonalidades estranhas ou muitas vezes que levam a não distinção da mensagem.
Dei um beijo na boca dela.
(ca+ dela = cadela)
Não me preocupei, já que tinha terminado a prova.
(ja + que+ tinha = jaquetinha)
Eu vi ela na praça.
(vi+ ela= viela)
Ela tinha uma bolsa de couro.
(la+ tinha= latinha)
Polissíndeto
O polissíndeto se caracteriza pela marcada repetição de conectores e conjunções que ligam palavras e orações, sendo a repetição mais notória a da conjunção coordenativa aditiva e.
- Eu queria conhecer o mundo e viajar por todos os países: Grécia e Itália e Canadá e Moçambique e Austrália e expandir os meus horizontes.
Anástrofe (é um tipo de hiperbato)
A anástrofe, também chamada de inversão, provoca uma inversão leve da ordem normal das palavras numa frase, ocorrendo maioritariamente a antecipação de um termo, como a preposição.
- Para todos meus amigos comprei presentes.
Sínquise
A sínquise provoca uma inversão total e violenta da ordem normal das palavras numa frase, comprometendo a compreensão da mensagem, que fica desconstruída.
- A prova ela estudar para tentou ontem.
Catacrese
A catacrese é um tipo de metáfora (metáfora desgastada). Em virtude de os termos serem utilizados com frequência, deixa de se perceber que eles têm sentido figurado. É empregada naturalmente por não existir um nome adequado ou específico para identificar aquilo que se quer expressar.
- Costas da cadeira;
- Manga da camisa;
- Asa da xícara;
- Pé da mesa;
- Cabeça de alho.
Comparação
Há comparação de ideias. No entanto, é diferente da metáfora que faz uma comparação implícita. Nesta, o termo comparativo (como, tal qual, tal como, assim etc.) aparece materialmente no enunciado, constituindo uma comparação explícita. Sendo uma comparação simples, é estabelecida uma relação entre elementos do mesmo universo ou contexto.
- Esperto como uma raposa.
A raposa é conhecida pela inteligência.
Exemplos de comparação simples:
- O atleta etíope é mais rápido do que o atleta espanhol.
- Matemática é tão importante quanto português.
- Tiago é menos bagunceiro que Filipe.
Símile
Sendo uma comparação metafórica, a símile é estabelecida uma relação entre elementos de diferentes universos ou contextos.
- Meu irmão é teimoso como uma mula.
- Seus olhos brilhavam que nem esmeraldas.
- Nunca me vergarei e, tal qual uma árvore, morrerei de pé.
Elipse
Acontece quando há a omissão de um termo que pode ser subentendido no texto. Neste caso, ocorre se uma palavra ou expressão for omitida e mesmo assim puder ser percebida como parte da oração. Vale acrescentar que esta palavra omitida não foi anteriormente citada e não torna a mensagem incompreensível.
Na sala de aula, apenas cinco ou seis alunos.
Neste caso foi omitido o verbo, mas ele está subentendido no texto. Compreende-se que “havia” na sala de aula apenas cinco ou seis alunos. Omissão do verbo haver.
- Peguei de volta meu casaco.
Foi omitido o pronome "Eu", mas a frase é perfeitamente compreensível
- A cidade dormia, ninguém na rua.
Aqui faltou o verbo "estava" que deveria estar escrito após o pronome indefinido ninguém. Apesar desta ausência entende-se inteiramente a frase.
- A vida talvez fosse boa, não houvesse tanta tristeza.
Observe a ausência da conjunção "se". Note que apesar disto, compreende-se a mensagem.
Zeugma
O zeugma é caracterizado pela omissão de termos da oração já anteriormente mencionado, não prejudicando assim o entendimento da mensagem.
Minha filha cursou letras; meu filho, economia.
IMPORTANTE
Na elipse, não há a necessidade da existência de um termo citado anteriormente.
- Ponte Rio-Niterói
- Telefone celular.
Na figura de linguagem zeugma, requer o apagamento de um termo manifestado anteriormente ao qual o que foi retirado faz referência.
- Mario cortou o cabelo ontem; Pedro, hoje.
Anacoluto
Frequentemente utilizado na linguagem falada, o anacoluto provoca uma interrupção na frase, antecipando e enfatizando um termo que se desliga da restante oração.
- Dietas, como ter força de vontade para as fazer?
- Meu vizinho, soube que ele foi pego no flagra.
Hipérbato ou Inversão
É caracterizada pela troca na sequência normal dos termos da oração (Sujeito + verbo + complemento). Neste caso, ocorre uma inversão ocasionando uma mudança: a ordem direta destes termos é alterada.
Na ordem inversa:
- Ouviram do Ipiranga às margens plácidas, de um povo heroico o brado retumbante.
Na ordem direta:
- As margens plácidas do (rio) Ipiranga + ouviram + o brado retumbante de um povo heroico.
É possível constatar a figura de linguagem hipérbato. Neste caso, ocorre e transposição ou inversão da ordem direta das palavras para efeito estilístico. É importante observar que o Hino Nacional Brasileiro segue o estilo parnasiano, o que justifica a presença da linguagem rebuscada e a inversão sintática.
Hipálage
A hipálage se refere à atribuição de uma característica de um ser ou objeto a outro ser ou objeto que se encontra relacionado ou próximo.
- Enquanto esperava, tomava notas impacientes.
- Deitado na rede, Ricardo lia um livro sonolento.
- Fumando um pensativo cigarro.
- Deitado eternamente em berço esplêndido.
- Ao som do mar e à luz do céu profundo.
Silepse
Na silepse ocorre uma concordância ideológica e não uma concordância gramatical, ou seja, a concordância é estabelecida com a ideia que se pretende transmitir ou com termos subentendidos e não com as palavras que compõem a frase.
- Minas Gerais é encantadora.
Hipérbole ou auxese
Classificada como figura de pensamento, constitui recurso estilístico capaz de aumentar a expressividade do texto.
- Já te avisei um bilhão de vezes!
- Se você for embora chorarei rios de lágrimas!
- As crianças estavam mortas de sede.
- Que calor infernal!
- Esta história me faz morrer de rir.
Metáfora
Consiste na transferência de significado de um vocábulo para outro através de comparação não claramente explícita.
- Aquele rapaz é um gato.
- Ela me encarou e seu olhar era pedra.
- Aquela menina é uma flor.
Metonímia
Possibilita troca de um termo por outro de mesma similaridade.
a) O autor pela obra
Ela adora ler Jorge Amado.
Você precisa ler Shakespeare.
b) Continente pelo conteúdo
Os meninos comeram dois pratos no jantar.
Tomamos três garrafas de cerveja.
Comi uma lata de atum.
c) O inventor pelo invento
Ele chegou em um Ford.
Thomas Edison iluminou o mundo.
Graham Bell eliminou as distâncias.
d) O abstrato pelo concreto ou vice-versa
Não resisti aos apelos daquela meiguice.
(Meiguice indica uma pessoa meiga, singela).
e) O efeito pela causa ou vice-versa
Ganharás o pão com o suor de teu rosto; ou
Respeito seus cabelos brancos.
Quiasmo
O quiasmo consiste em uma repetição cruzada de ideias.
E ria, e chorava, e chorava e ria.
Melhor é merecê-los sem os ter,
Que possuí-los sem os merecer.”
(Os Lusíadas, XI, 93)
Evito-o em toda a parte, em toda a parte ele me persegue.
Vinhas fatigada e triste, e triste e fatigado eu vinha.
Era fera lá fora, em casa carneiro era.
Litote
Figura de pensamento utilizada para abrandar uma expressão por meio da negação do contrário. Ele permite afirmar algo por meio da negação, por exemplo:
- Eu não estou feliz.
A expressão “não estou feliz” atenua a ideia de “ficar triste”.
Epíteto
Confere característica esta que já é própria do substantivo, enfatizando assim essa qualificação, ou seja, consiste em qualificar um nome através de uma característica que já lhe é inerente.
“Fogem as neves frias
Dos altos montes; quando reverdecem
As árvores sombrias”.
Enálage
Consiste no emprego irregular (em relação à norma sintática corrente) de um modo, tempo ou gênero, em correspondência com outro.
- No fim de semana, vamos até lá.
No fim de semana, iremos até lá.
- Quero falar com ele.
Queria falar com ele.