Comportamentalismo, Cognitivismo e Humanismo


COMPORTAMENTALISMO

A abordagem comportamentalista analisa o processo de aprendizagem, desconsiderando os aspectos internos que ocorrem na mente do agente social, centrando-se no comportamento observável. Essa abordagem teve como grande precursor o norte-americano John B. Watson, sendo difundida e mais conhecida pelo termo Behaviorismo.

A grande efervescência dessa teoria se deu pelo fato de ter caracterizado o comportamento como um objeto de análise que apresentava a consistência que a Psicologia científica exigia na época – caráter observável e mensurável – em função da predominância cientificista do Positivismo. Esta última sendo uma corrente de pensamento que triunfou soberana no século XIX, e que tinha como princípio fundamental à utilização do método experimental, tanto para as Ciências da Natureza quanto para as Ciências Sociais. 

Desse modo, o Behaviorismo desenvolveu-se num contexto em que a Psicologia buscava sua identidade como ciência, enfatizando o comportamento em sua relação com o meio. Com isso, se estabeleceu como unidades básicas para uma análise descritiva nesta ciência os conceitos de “Estímulo” e “Resposta”.

A partir da definição dessa base conceitual o ser humano passou a ser estudado como produto das associações estabelecidas durante sua vida entre os estímulos do meio e as respostas que são manifestadas pelo comportamento.

Apesar de Watson ter sido o grande precursor do Behaviorismo, B. F. Skinner foi um dos psicólogos behavioristas que teve seus estudos amplamente divulgados, inclusive no Brasil, havendo um grau de aplicabilidade muito forte na educação.

COGNITIVISMO

Contrapondo-se ao behaviorismo que centra a sua atenção no comportamento humano, o cognitivismo propõe analisar a mente, o ato de conhecer; como o homem desenvolve seu conhecimento acerca do mundo, analisando os aspectos que intervém no processo “estímulo e resposta”. Seguindo esse modo de compreensão Moreira (1982, p. 3) ratifica que “a psicologia cognitiva preocupa-se com o processo de compreensão, transformação, armazenamento e utilização das informações, envolvida no plano da cognição.” 

A cognição é o processo por meio do qual o mundo de significados tem origem. Os significados não são entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outras significações que possibilitam a origem da estrutura cognitiva sendo as primeiras equivalências utilizadas como uma ponte para a aquisição de novos significados.

A abordagem cognitivista, apesar de ter surgido quase no mesmo período que o behaviorismo, teve grande efervescência nos anos de 1990, resgatando estudos teóricos da Psicologia Cognitiva como aqueles desenvolvidos por Piaget e Vigotsky. Estes teóricos não desenvolveram propriamente uma teoria da aprendizagem, mas seus estudos serviram de pressuposto para teóricos do campo educacional, que se apropriando desse referencial elaboraram e desenvolveram a teoria da aprendizagem denominada de Construtivismo. Com sua transposição para o contexto das práticas escolares, esta teoria, já foi equivocadamente, concebida por alguns (mas) professores e professoras como método de ensino.

Atualmente, outro mito que gira em seu entorno está associado ao pensamento que a converte numa espécie de “Deusa Atenas” do ensino e aprendizagem ou o “papado da teoria pedagógica”, isto é, a denominação de que o Construtivismo é a teoria mais adequada ou mais eficiente para o bom desenvolvimento do ensino e aprendizagem dentro das escolas, como bem analisa Silva (1996, p. 213):

Uma onda pedagógica percorre, de forma avassaladora, a educação brasileira, ameaçando tornar-se a nova ortodoxia em questões educacionais. Ela começa a se tornar hegemônica nas faculdades de educação, nos encontros científicos e até mesmo no discurso oficial sobre a educação. Com base nas teorias de Piaget, com reformulações e revisões tendo como fundamentação Vigotsky e Luria e, no que tange à área específica da leitura e da escrita, a forte influência de Emilia Ferreiro, o construtivismo tornou-se, de repetente, dominante. 

Esse mito que paira sobre o discurso oficial pode ser confirmado por intermédio da seguinte afirmação extraída dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de 5ª a 8ª séries: 

Os fracassos escolares decorrentes da aprendizagem, das pesquisas que buscam apontar como o sujeito que conhece, das teorias que provocam reflexão sobre os aspectos que interferem no ensinar e aprender, indicam que é necessário dar novo significado à unidade entre aprendizagem e ensino, uma vez que, em última instância, sem aprendizagem não há ensino. (BRASIL, 1998, p.71).

O leitor poderá se perguntar por que essa afirmação reforça o mito em torno do construtivismo. A resposta esta na “nota de rodapé” do documento, que define tal abordagem como marco explicativo para a constituição do novo significado entre a unidade de aprendizagem e ensino.

[...] Em linhas gerais, o marco de referência está delimitado pelo que se pode denominar “enfoques cognitivos”, no sentido amplo. Entre eles destacam-se a teoria genética, de Jean Piaget e seus colaboradores da escola de Genebra [...]; a teoria da atividade, nas formulações de Vygotsky (sic), Luria e Leontiev e colaboradores [...]; o prolongamento das teses no campo da psicologia cultural, como as enunciadas nos trabalhos de M. Cole e colaboradores [...]; a teoria da aprendizagem verbal significativa, (grifos do autor) de Ausubel [...]. O núcleo central da integração de todas estas contribuições refere-se ao reconhecimento da importância da atividade mental construtiva nos processos de aquisição do conhecimento (grifo nosso). Daí o termo construtivismo, denominando esta convergência. (Idem).

Procurando fugir desses equívocos teóricos e na tentativa de (des)construir a versão “religiosa” do construtivismo apresentar-se-á na sequência dois de seus principais precursores, seus conceitos fundamentais e a influência de tais conceitos na política educacional brasileira nos anos de 1990, principalmente, em relação à reforma curricular promovida na década. 

HUMANISMO

Desenvolvida por Abraham Maslow e Carl Rodgers, a proposta pedagógica Humanística é baseada na Teoria Humanista que centra o seu estudo na particularidade de cada ser humano, na complexidade e singularidade de cada pessoa, nos seus motivos e interesses. Nesta modalidade de proposta pedagógica, o aluno tem liberdade para escolher quais atividades deseja realizar de acordo com as necessidades e interesses individuais e do grupo.

O enfoque humanista vê o aprendiz em sua totalidade. Nesta abordagem, o importante é a autorrealização, o crescimento pessoal. A aprendizagem significativa é autocentrada e estimulada pelo relacionamento entre aluno e o facilitador da aprendizagem.

Para Rogers, principal representante desta abordagem, as experiências de vida, o clima psicológico da sala de aula, a integração professor (facilitador)-aluno são fatores importantes para a aprendizagem. Rogers enfatiza os aspectos dinâmicos e ativos do ensino do ensino que reforçam o processo de interação na aprendizagem e considera o aluno capaz de auto-direção, desde que em ambiente propício e interessante.A proposta pedagógica humanista é uma vertente do ensino que foca na aprendizagem a partir de um ponto de vista do desenvolvimento da pessoa humana. Nesta modalidade de proposta pedagógica, o aluno tem liberdade para escolher quais atividades deseja realizar de acordo com as necessidades e interesses individuais e do grupo.

As teorias humanistas centram o seu estudo na particularidade de cada ser humano, na complexidade e singularidade de cada pessoa, nos seus motivos e interesses. A linha de pensamento apresenta duras críticas ao segmento behaviorista, enquanto se assemelha em alguns pontos com teorias construtivistas. Por exemplo: O reconhecimento de que a aprendizagem é um processo individual enquanto processo de representação e de reestruturação cognitiva.

A proposta pedagógica humanista surge das Teorias Humanistas desenvolvidas por Abraham Maslow e Carl Rodgers. Ambos concordavam que a linha de pensamento da proposta deve realçar o caráter única da experiência pessoal. Ambos os percursores da teoria humanista foram psicólogos norte-americanos. Maslow acreditava na tendência individual da pessoa para se tornar auto realizadora, enquanto Rodgers, passou a ter sua visão humanista através do tratamento de pessoas emocionalmente perturbadas. 

Princípios da proposta:

- O ser humano possui aptidões para aprender;

- O estudante precisa entender sua aprendizagem como pertinente para seus objetivos;

- A aprendizagem ocorre em grande parte através da ação;

- A aprendizagem é facilitada quando o aluno participa do processo;

- A auto avaliação e autocrítica estimulam a independência, criatividade e autonomia.