‘Última flor do Lácio, inculta e bela’


A expressão “Última flor do Lácio, inculta e bela” é o primeiro verso de um poema de Olavo Bilac, poeta do Parnasianismo brasileiro. Esse verso faz referência ao português: a “última flor” é a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim; os termos “inculta e bela” aludem às raízes da língua no Lácio, região da Itália, entre os falantes do latim vulgar.


Língua Portuguesa

Olavo Bilac


Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura:

Ouro nativo, que na ganga impura

A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,

Tuba de alto clangor, lira singela,

Que tens o trom e o silvo da procela

E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma

De virgens selvas e de oceano largo!

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”

E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!