Te amo ou amo-te?
É natural que em algum momento nós questionemos peças publicitárias que celebram o Dia dos Namorados com os dizeres “Te amo!”. Talvez, isso aconteça devido à afirmativa que, segundo a gramática normativa, no início de frases deva ocorrer ênclise (quando o pronome é posto depois do verbo), e não próclise (quando o pronome é posto antes do verbo). Portanto, a frase que deveria ser estampada seria: “Amo-te”.
Tal proposição está correta, se levarmos em conta a gramática normativa, ou seja, a norma padrão. No entanto, devemos atentar ao fato de que o texto em questão pode ser utilizado pelo discurso publicitário. E, como tal, costuma ter uma linguagem flexível ao evocar a estilística e a pragmática, e, por isso, pode não se enquadrar nas regras gramaticais normativas.
A construção sintática do texto “Te amo!” está em consonância com os objetivos que a campanha publicitária pretende alcançar. Como, por exemplo, atingir determinado público no Brasil, que pertence à classe média. Não é difícil constatar que a maioria dos brasileiros diz o consagrado “Te amo!”, ao invés de um puritano “Amo-te!”. Então, trocando em miúdos, não cabe enxergar, nesse caso, um erro gramatical, mas há, sim, um recurso próprio do discurso publicitário.
E AGORA?
Eu te amo ou eu amo-te?
As duas formas estão corretas. Nesses dois casos é facultativo o uso de próclise ou de ênclise porque o verbo não se encontra no início da frase (há a primeira pessoa do singular: eu) nem há elementos que exijam uma forma de colocação pronominal específica.
Exemplos com eu te amo e eu amo-te:
Eu te amo, meu amor!
Eu amo-te, meu amor!