Fragmento 7
Não havia nenhuma poesia naquele timbre grave, mas um eco de aspiração pelo poder e desejo de ascendência sobre o outro. A fantasia do domínio ─o gozo da força─ manifestava-se em uma pele lisa e lustrosa, que cobria músculos e um rosto esnobe. Era a expressão vil da mecânica da guerra, refletida em um grande bronze cintilante e robusto. Ele dispunha da glória de ser um guerreiro destemido ─por ora invencível─, que exibia em seu corpo colossal, revestido de uma indumentária exuberante, marcas impressionantes da sua invencibilidade, como vaidosa alusão aos antigos deuses ancestrais, imortalizados em combates corporais. Orgulhoso, ao mesmo passo que impiedoso, reunia facetas em memórias rasas, fazia daqueles que se atreviam a atravessar o seu caminho padecerem sob seu jugo com regozijo. Torturava pelo prazer; atraía-os, hipnotizados, para o deleite contra um corpo exagerado, protuberante. Abatia-os sem piedade na robustez dos seus quadris. Tomava-os em seu corpo e entranhava-os em um embate ardente e penoso, sem a menor chance de revanche. Condenava-os à morte. E assim se cumpria a sina pelo júbilo da jactância e presunção.
Alecto Grego