Fragmento 6


Costumeiramente, seus pés repousavam em meu colo à procura de conforto em território amistoso, ainda que soubesse dos riscos de uma tentação repentina. Sabia que eu era amigo, como das muitas vezes que buscara refúgio em cafunés tranquilos e poucas palavras sinceras. Gozava da liberdade de saber que tínhamos o tempo a nosso favor: a amizade, quando verdadeira, não teme qualquer abalo, fortalece a cada embate, a cada investida amargurada. Tinha o privilégio de ser homem àquela altura e não ostentar a condenação da imaturidade dos que são muito jovens - sabia que a intimidade posta entre nós era tão natural que se desvinculava de qualquer moralidade.

Alecto Grego