Fragmento 5


Domingo insistia em ser um daqueles dias tépidos e calmos, suspeitava, porém, que isso, talvez, fosse pelas próprias circunstâncias das coisas. Logo pela manhã, a primeira vista que meus olhos saudavam eram um peitoral de contorno suave, que rebusca certo encanto ao ser tocados pela luz do sol. Quadrado e liso, quase que naturalmente geométricos; exigia pelos tão ralos diante da própria existência que se confundiam com a cor da pele. Havia ainda momentos em que me chamavam bastante atenção pela protuberância natural do mamilo: era redondo e roseado, em um peito largo e firme, pouco maior que o normal entre homens daquela idade; no entanto, havia veemência de minha parte que aquilo era, na verdade, um convite para uma admiração mais profunda do ser. Tentava buscar um significado entre aqueles desenhos clássicos, esculpidos em mármores carnais, todavia o que eu encontrava era apenas arte e ardor. Ora, ele existia em um único ensaio de movimentos, ora era enigmático dentro do próprio conceito de ser. Surgia com alegria, em minha direção, com tamanha espontaneidade que me arrebatava em um sorriso entreguista e nada discreto. Aqueles domingos me tomavam a alma e me assaltavam o corpo.

Alecto Grego