Fragmento 2


Lembro-me do primeiro dia em que o chamei de imperador. Ele assentiu com um sorriso largo e espontâneo, seguido de gestos irreverentes de homens que dispõem do calor da juventude. Ao se aproximar, pisando descalço e exibindo um torso marcado pelo sol, Pedro denunciava sua familiaridade com o mar. Nesse mesmo instante, deixou escapar sinais involuntários ─dos quais eu entendia sem fazer o menor esforço─ de que sempre soubera de que o título de soberano lhe pertencia por merecimento e excelência. Havia nele clara consciência do quanto eu o admirava em meu íntimo, como algo natural e sem prejuízo.

Alecto Grego